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O grupo terrorista Estado Islâmico (EI) reivindicou nesta quarta-feira (30) o ataque efetuado na véspera, na cidade belga de Liège, por um indivíduo que matou duas policiais e um estudante. O comunicado foi feito pelo órgão de propaganda do grupo extremista Amaq.
"O autor do ataque na cidade de Liège, na Bélgica, é um soldado do Estado Islâmico", diz a nota.
Nesta quarta, o dia foi de homenagens às vítimas na Bélgica. Bandeiras em várias cidades do país foram hasteadas a meio mastro e em Liège. O premiê Charles Michel fez um minuto de silêncio juntamente com cerca de mil pessoas e um número expressivo de policiais visivelmente emocionados.
Os Diabos Vermelhos, equipe nacional que se prepara para a Copa do Mundo, fez um minuto de silêncio antes de uma sessão de treinos em Tubize.
Antes mesmo do comunicado da Amaq, os investigadores já privilegiavam a hipótese terrorista e suspeitavam que o autor, morto pela polícia, já tivesse matado um homem na noite anterior ao massacre. Agora, tentam esclarecer o percurso de Benjamin Herman, um delinquente de 31 anos que teria se radicalizado. Ele foi morto na manhã de terça-feira pela polícia depois de fazer uma refém.
O autor do ataque, um belga nascido em 1987, "gritou em várias ocasiões 'Allahu Akbar'" (Alá é grande) e "esteve em contato com pessoas radicalizadas" em 2016 e no início de 2017.
A Procuradoria Federal examina agora se o criminoso atuou sozinho e busca "determinar se as sus motivações eram ou não terroristas", afirmou Roggen.
— Registramos sinais de que ele se radicalizou na prisão, mas será que foi esta radicalização que o levou a estas ações? Há muitas questões a serem respondidas e vamos aguardar o resultado da investigação— havia declarado pouco antes o ministro belga do Interior, Jan Jambon.
O MP explicou que o autor do ataque era fichado pela justiça desde que era menor de idade e que já havia sido condenado por roubo com violência e consumo de entorpecentes, entre outros crimes comuns.
Homicídio antes de ataque
Herman "também é suspeito de um assassinato cometido em On" na segunda-feira à noite, poucas horas depois de sair da prisão de Marche-en Famenne (sul) com uma permissão penitenciária que expirava às 19hs30min de terça-feira.
— As circunstâncias exatas dos fatos são objeto de uma investigação distinta — completou a porta-voz da Procuradoria belga. De acordo com a imprensa local, o falecido era um viciado em drogas e foi vítima de marteladas.
Após o triplo homicídio, Benjamin Herman, nascido em janeiro de 1987, fez uma funcionária de um grupo escolar refém, levando à evacuação dos estudantes, segundo as autoridades. Nenhuma criança foi ferida.
— Fiquei impressionado com a conversa que ela teve com o terrorista. Ela foi muito corajosa e talvez tenha evitado mais vítimas na escola — disse Jambon na quarta-feira sobre a funcionária sequestrada.
Por volta das 10hs30min (5hs30min de Brasília) de terça-feira em uma das principais ruas do centro de Liège, o atacante esfaqueou as duas policiais pelas costas, antes de pegar suas armas e executá-las.
Ele então matou uma terceira pessoa, atirando em um estudante de 22 anos em um carro estacionado nas proximidades.
Na prisão, ele cumpria uma série de sentenças curtas combinadas e seria libertado em 2020, segundo indicou nesta quarta-feira o ministro da Justiça da Bélgica, Koen Geens. Os serviços penitenciários consideraram que "ele não representava perigo terrorista", acrescentou.
A Bélgica, atingida por ataques jihadistas que deixaram 32 mortos em 22 de março de 2016, já foi palco de vários atentados contra soldados ou policiais.
Consultado na terça-feira, o Ocam, o órgão responsável por avaliar a ameaça terrorista na Bélgica, decidiu manter inalterado no nível 2 correspondente a uma ameaça considerada "improvável".