Ao menos 25 pessoas, incluindo um fotógrafo e cinco jornalistas, morreram em dois atentados suicidas nesta segunda-feira (30) em Cabul, no Afeganistão, o segundo deles dirigido especificamente contra a imprensa. O grupo extremista Estado Islâmico (EI) reivindicou os ataques. O ministério do Interior divulgou balanço de 25 mortos e 49 feridos.
— Seis jornalistas e quatro policiais estão entre os mortos nas duas explosões — afirmou o porta-voz do ministério, Najib Danish.
Uma das vítimas é Shah Marai, diretor do departamento de fotografia do escritório da Agência France Press (AFP) em Cabul, que seguiu para o local da primeira explosão, morreu na segunda detonação, que aconteceu 30 minutos após o ataque inicial. Marai trabalhava desde 1996 para a AFP e cobriu a invasão americana do Afeganistão em 2001, posterior aos atentados da Al-Qaeda em Nova York e Washington.
Outros cinco jornalistas que estavam no local também morreram na segunda explosão. Todos trabalhavam para canais de televisão afegãos, um deles para a emissora Tolo News, que em 2016 foi alvo de um atentado que deixou sete mortos e foi reivindicado pelos talibãs.
De acordo com uma fonte das forças de segurança, o homem-bomba que atacou a imprensa estava disfarçado como fotógrafo.
Em um comunicado divulgado por sua agência de propaganda Amaq, o EI afirmou que o primeiro atentado atingiu a sede em Cabul do serviço de inteligência e das forças de segurança afegãs e o segundo os jornalistas que seguiram para o local.
"Os apóstatas das forças de segurança, dos meios de comunicação e outras pessoas compareceram ao local da operação, onde um irmão os surpreendeu com seu colete de explosivos", diz a nota.
Cabul se tornou, de acordo com a ONU, o local mais perigoso do Afeganistão para os civis com um aumento dos atentados, geralmente cometidos por homens-bomba e reivindicados pelos talibãs ou o grupo extremista EI.
Os atentados contra civis provocaram o dobro de vítimas nos primeiros três meses de 2018 – 763 civis mortos, 1.495 feridos – que no mesmo período de 2017. Um ataque no dia 22 de abril na capital afegã deixou quase 60 mortos e 20 feridos em um bairro de maioria xiita. No dia 27 de janeiro, um atentado na cidade provocou 103 mortes e deixou mais de 150 feridos.
Os talibãs iniciaram oficialmente na quarta-feira da semana passada sua ofensiva de primavera, denominada Al Khandaq, com o objetivo de "esmagar, matar e capturar os invasores americanos e seus partidários", de acordo com um comunicado.