A chanceler alemã, Angela Merkel, prestou juramento nesta quarta-feira (14) para um quarto mandato que ela inicia enfraquecida depois de seis meses de incertezas, e que provavelmente será o último em que estará à frente da primeira economia da Europa.
"Com a ajuda de Deus", ela prometeu, pela quarta vez, pôr sua "força a serviço do bem do povo alemão" e "proteger e defender a Lei fundamental e as leis da Federação".
O juramento aconteceu pouco depois de uma votação dos deputados, que deram a ela seu apoio, passados seis meses de impasse. Foi uma maioria mais estreita do que se esperava.
Dos 688 votos válidos, 364 deputados se posicionaram a favor de sua reeleição na votação secreta.
No entanto, o resultado da votação mostra as dificuldades políticas que enfrentou para formar a coalizão, já que obteve apenas nove votos a mais da maioria necessária (355) e 35 a menos da maioria teórica de 399 deputados conservadores e social-democratas.
Merkel realizará durante a tarde o primeiro conselho de ministros deste governo reformado e quase paritário.
Sua eleição põe fim a uma longa busca pela maioria, jamais vista na Alemanha democrática, que acabou por renovar a atual coalizão da União Cristã-Democrata (CDU) de Merkel e seus aliados bávaros da CSU com os social-democratas do SPD.
Merkel dirigirá um país sacudido poela ascensão da extrema-direita da Alternativa para a Alemanha (AfD), que, depois das eleições de setembro, se converteu na primeira força da oposição, com 92 deputados.
Muitos observadores acreditam que este será provavelmente seu último mandato. Alguns, inclusive, preveem um fim prematuro, já que Merkel colocou em apuros até as fileiras conservadoras nos últimos meses.
O SPD fará um balanço da coalizão dentro de 18 meses.
Novos desafios a enfrentar
A tranquilizadora estabilidade encarnada durante muitos anos por Merkel acabou se voltando contra ela. Alguns consideram que ela colocou o país em perigo ao abrir as portas para os refugiados e outros acham que ela representa imobilismo em um mundo em mudança.
Frente à ameaça do AfD, teve de fazer concessões à ala mais conservadora de seu partido, com promessas de por limites às chegadas de migrantes.
Além disso, seu governo prometeu se aproximar mais do povo, segundo Horst Seehofer, designado ministro do Interior, numa tentativa de acompanhar uma população a que faltam referências em um mundo globalizado e ante a acelerada informatização da economia.