O Iraque anunciou, nesta quinta-feira (31), que as forças do país retomaram do grupo Estado Islâmico (EI) a cidade de Tal Afar, um dos três últimos redutos extremistas no país. O avanço conclui a reconquista da província de Nínive.
Após essa derrota, o EI, que chegou a controlar até um terço do território iraquiano em 2014, detém apenas uma cidade no norte de Bagdá e três localidades da região desértica, na fronteira com a Síria.
"Nossa felicidade é total. A vitória chegou e a província de Nínive já está completamente nas mãos das nossas forças", afirmou o primeiro-ministro Haider al-Abadi em um comunicado enviado à AFP, em referência à região do norte do Iraque, na qual as forças do país já haviam recuperado Mossul em julho.
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Em 20 de agosto, as forças governamentais e paramilitares iraquianas lançaram um assalto contra Tal Afar, 70 quilômetros a oeste de Mossul.
"Tal Afar, a resistente, se junta a Mossul, a cidade livre, e recupera seu lugar no território nacional", ressaltou o premiê.
A retomada da localidade, apontada na semana passada pelo general britânico Rupert Jones, é a segunda sob o comando da coalizão internacional anti-extremistas e "encerra a presença militar do EI no norte do Iraque". O avanço foi rápido na cidade, onde 200 mil pessoas viviam antes da chegada dos jihadistas.
Ao reassumir o controle de Mossul que, segundo um comandante militar da coalizão, representava "o símbolo do 'califado' do grupo extremista", as forças iraquianas infligiram um duro golpe contra o moral dos islamitas.
De acordo com esse comandante, Tal Afar era defendida por "uma força residual" de extremistas, "profundamente desestabilizados e moralmente esgotados".
As forças anti-EI foram confrontadas, no entanto, por uma forte resistência dos combatentes extremistas em uma localidade mais ao norte, Al Ayadieh, na direção da Síria.
Foi nesta localidade que se entrincheiraram os últimos extremistas. No início da ofensiva, no dia 20, "eram entre 1 mil e 1,4 mil", afirmou o segundo comandante da Força Aérea da coalizão, Andrew A. Croft.
– As forças iraquianas eliminaram entre 600 e 700 combatentes do EI – disse ele em entrevista à AFP, acrescentando que "cerca de 100 se renderam".
Depois da tomada de Tal Afar, duas zonas permanecem nas mãos dos extremistas: Hawija, 300 quilômetros ao norte de Bagdá, e três cidades na região desértica próxima à fronteira síria: Al-Qaim, Rawa e Anna.
Tomar Hawija será complicado, porque a província de Kirkuk, onde está localizada, é uma zona disputada pelo governo federal de Bagdá e a região autônoma do Curdistão iraquiano.
– A operação (de reconquista) foi adiada – anunciou o general Halgurd Hikmat, porta-voz dos peshmergas, os combatentes curdos que participaram da tomada de Mossul.
Atualmente, segundo o porta-voz, Hawija deverá ser a prioridade.
Contrário ao referendo curdo pró-indepedência, previsto acontecer em 25 de setembro, o governo de Bagdá pode decidir lançar a ofensiva contra Hawija antes dessa consulta, acreditam especialistas.
Em 2014, o EI conquistou amplas faixas de território no Iraque, mas foi perdendo terreno frente às múltiplas ofensivas lançadas pelas autoridades iraquianas e por seus aliados, entre eles uma coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos.