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Em uma tentativa de reaproximação, a chanceler alemã, Angela Merkel, se reuniu, nesta terça-feira (2), com o presidente russo, Vladimir Putin, no balneário de Sochi. É a primeira visita de Merkel à Rússia desde 2015.
– Agradeço que tenha encontrado tempo para vir – disse Putin à chanceler no início da reunião. – Devemos aproveitar desde logo esta visita para falar de nossas relações bilaterais e dos temas mais problemáticos, em particular Ucrânia e Síria – acrescentou.
Após a reunião, iniciada pouco depois das 11h (8h de Brasília), os dois líderes almoçariam juntos.
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As relações entre a Alemanha e a Rússia ficaram tensas pela crise na Ucrânia, quando os vínculos de Moscou com a União Europeia (UE) chegaram a um nível de deterioração inédito desde o fim da Guerra Fria.
Desde a crise na Ucrânia, Merkel foi uma defensora fervorosa das sanções impostas pelos europeus a Moscou pela anexação da Crimeia e por seu suposto papel no conflito no leste ucraniano. Nas negociações, também foi a interlocutora principal.
Esta é a primeira viagem de Merkel à Rússia desde sua visita relâmpago a Moscou em 10 de maio de 2015, quando a tensão alcançava seu nível máximo pelo conflito na Ucrânia. Na época, Merkel, assim como a maior parte dos países ocidentais, boicotou o desfile militar de 9 de maio que celebrava os 70 anos da vitória sobre a Alemanha nazista.
Desde então, Merkel e Putin se encontraram em várias oportunidades em cúpulas com os presidentes da França, François Hollande, e da Ucrânia, Petro Poroshenko, para tentar encontrar uma solução ao conflito ucraniano, estancado desde a assinatura dos acordos de Minsk, em fevereiro de 2015.
O formato de reunião, chamado "de Normandia", também incluiu conferências telefônicas. Na última chamada, em 18 de abril, foi possível levar adiante uma declaração comum dos quatro.
– Isso não havia sido possível em muito tempo – destacou na sexta-feira o porta-voz de Merkel, Steffen Seibert. – Há dois temas que pesam na relação (entre os dois países): primeiro, a anexação contrária ao direito internacional da Crimeia, e depois a desestabilização da Ucrânia oriental pelos separatistas pró-russos – lembrou.
Embora Moscou negue qualquer vínculo com os separatistas, os ocidentais acusam regularmente a Rússia de sustentar com ajuda militar e financeira os rebeldes na Ucrânia.
"Normalização"
Para o Kremlin, a visita de Angela Merkel permitirá "discutir a situação atual e as perspectivas das relações bilaterais".
No início de março, Putin havia pedido a normalização das relações entre Alemanha e Rússia, na presença do ministro (e vice-chanceler) alemão Sigmar Gabriel, que visitava Moscou.
Além de falar sobre a Ucrânia, a visita da chanceler alemã a Sochi tem por objetivo preparar o próximo G20, que será realizado nos dias 7 e 8 de julho em Hamburgo. Na reunião, Putin planeja se reunir pela primeira vez com o novo presidente norte-americano, Donald Trump.
*AFP