O novo presidente da França, Emmanuel Macron, prometeu neste domingo em seu discurso de posse no Palácio do Eliseu "devolver a confiança" aos franceses e relançar a União Europeia. Macron, um centrista de 39 anos, sucede o socialista François Hollande uma semana depois de ter derrotado nas urnas a líder da extrema-direita Marine Le Pen.
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Em uma cerimônia repleta de simbolismo, Hollande, de 62 anos, que lançou a carreira política de Macron ao nomeá-lo conselheiro e posteriormente ministro da Economia, deixou o Eliseu sob os aplausos de seus funcionários e do novo presidente. Cerca de 1.500 policiais estavam mobilizados perto do palácio presidencial. As ruas próximas estavam bloqueadas.
O ex-banqueiro, que nunca antes havia concorrido em uma eleição, foi proclamado presidente por Laurent Fabius, presidente do Conselho Constitucional.
– Para ser o homem de seu país, é preciso ser o homem de seu tempo – disse Fabius, citando o escritor Chateaubriand.
– Sem dúvida, você é um homem de nosso tempo, por suas decisões, por sua formação, por sua carreira e até por seu estado civil – disse.
– E pela eleição soberana do povo, agora é, sobretudo (...) o homem de nosso país – acrescentou.
Em seu primeiro discurso como chefe de Estado, Macron afirmou que os franceses elegeram "a esperança e o espírito de conquista".
Macron, que há três anos era praticamente um desconhecido, também prometeu que a União Europeia, atingida pela saída iminente do Reino Unido do bloco, será reformada e relançada durante seu mandato.
– O mundo e a Europa precisam da França agora mais do que nunca e precisam de uma França forte com um senso de seu próprio destino – declarou.
Para ressaltar suas ambições europeias, Macron se reunirá na segunda-feira em Berlim com a chanceler alemã, Angela Merkel, em sua primeira viagem ao exterior como presidente.
É praticamente um rito que os presidentes franceses façam sua primeira viagem europeia para se encontrar com o outro líder do chamado "motor" da UE. Macron, um europeísta convencido, quer impulsionar uma cooperação mais estreita para ajudar o bloco a superar a saída iminente do Reino Unido, outro de seus membros mais poderosos. Ele também quer propor aos seus sócios a criação de um Parlamento e um orçamento para a eurozona.
Merkel aplaudiu a vitória de Macron contra Le Pen, dizendo que levava "as esperanças de milhões de franceses e também de muitos na Alemanha e em toda a Europa".
A esposa do novo presidente, Brigitte Macron, de 64 anos, ouviu emocionada o discurso de pouco mais de dez minutos de seu marido. A agora primeira-dama foi professora do presidente e sua mais fiel aliada em sua conquista do poder.
No fim da cerimônia, 21 salvas foram lançadas do Palácio dos Inválidos, do outro lado do rio Sena, para saudar o novo presidente.
Macron se dirigiu posteriormente ao Arco do Triunfo, embarcando em um veículo militar que subiu a Champs Élysée, onde depositará flores sobre o túmulo do soldado desconhecido. Durante a tarde, ele irá à prefeitura de Paris, uma parada tradicional para todos os líderes franceses que saúdam a cidade anfitriã.
Primeiros passos
Na segunda-feira, Macron deve revelar o nome de seu primeiro-ministro, antes de voar a Berlim para se reunir com a chanceler alemã, Angela Merkel. Depois, o presidente eleito planeja realizar uma visita às tropas francesas, sem dúvida em algum país da África.
Em junho, Macron enfrenta difíceis eleições legislativas, nas quais o movimento político do novo presidente buscará a maioria absoluta para poder aplicar sua ambiciosa agenda de reformas.
Seu movimento, A República em Marcha, apresentou uma lista de 428 candidatos, mais da metade dos quais são rostos novos.
Macron venceu uma das eleições francesas mais imprevisíveis da história moderna do país, marcadas por escândalos, múltiplos sobressaltos e um ataque informático em massa contra a sua campanha.
Herda um país profundamente dividido, com grandes desafios pela frente, como a luta contra o desemprego e o terrorismo.
Afundado nas pesquisas após um mandato marcado pela violência extremista, Hollande decidiu em dezembro renunciar a se apresentar à reeleição.
Diferentemente de seu antecessor, o conservador Nicolas Sarkozy, que lhe entregou o comando em 2012, o socialista não anunciou sua retirada da vida política.