Os líderes cipriotas gregos e turcos se reuniram neste domingo pela primeira vez desde a suspensão, em fevereiro, das negociações sobre a reunificação da ilha, sem chegar a um acordo para definir uma data para retomar as negociações, anunciou a ONU.
O presidente cipriota grego, Nicos Anastasiades, e o líder cipriota turco, Mustafa Akinci, "tiveram um intercâmbio aberto e construtivo" sobre os próximos passos no processo de paz, indicou a ONU em um comunicado.
Mas ambos os líderes concordaram, após quatro horas de reunião, que será necessário "mais trabalho" antes de retomar as negociações, acrescentou o comunicado.
O enviado da ONU, Espen Barth Eide, organizador do encontro, "continuará em contato" com os dois líderes cipriotas para promover "a retomada das negociações assim que possível", detalha o texto.
Anastasiades e Akinci iniciaram em maio de 2015 um frágil diálogo de paz considerado uma verdadeira oportunidade para reunificar a ilha mediterrânea, dividida há mais de 40 anos.
Mas os esforços de paz foram interrompidos bruscamente em fevereiro após uma votação do Parlamento greco-cipriota para que fosse introduzida nas escolas a comemoração de um referendo organizado em 1950 no qual os greco-cipriotas se pronunciaram maciçamente a favor de sua anexação à Grécia. A minoria de língua turca da ilha sempre se opôs à hipótese de anexação.
Akinci, dirigente da República Turca do Chipre do Norte (RTCN, autoproclamada e reconhecida apenas por Ancara), suspendeu sua participação nas negociações após a votação.
Desde a adoção da lei, o clima de confiança entre as duas partes está abalado.
Os avanços nas últimas rodadas de negociações foram fruto, em grande parte, da relação pessoal entre Anastasiades e Akinci.
O Chipre, de um milhão de habitantes, está dividido desde 1974, quando o exército turco invadiu o norte da ilha em reação a um golpe de Estado de cipriotas-gregos que pretendiam anexar o país à Grécia, o que gerava grande preocupação entre a minoria turco-cipriota.
Desde então, a República do Chipre, admitida na União Europeia em 2004, exerce sua autoridade apenas na parte sul, onde vivem os cipriotas gregos.
Os cipriotas turcos vivem no norte, onde foi autoproclamada a RTCN, reconhecida apenas pela Turquia.
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