Após atingir a costa australiana com ventos de 270 km/h por volta do meio-dia (23h de segunda-feira pelo horário de Brasília), o ciclone Debbie foi rebaixado para a categoria 2 durante a noite desta terça-feira (manhã no Brasil). O fenômeno causou chuvas torrenciais, inundações e danos generalizados. Pelo menos uma pessoas ficou gravemente ferida após a queda de um muro. Não há informações sobre mortos.
Pelo menos 30 mil pessoas tiveram que deixar as suas casas após a chegada do ciclone Debbie. O fenômeno meteorológico chegou à Austrália pela região de Queensland, no nordeste do país, como uma tempestade de categoria 4, em uma escala de 1 a 5. Ilhas turísticas e resorts foram atingidos pelos ventos destrutivos que arrancaram árvores e telhados de casas.
O arquipélago das ilhas Whitsundays, no nordeste, foi o primeiro a ser atingido pelo ciclone. Um morador da ilha de Hamilton revelou que o barulho era ensurdecedor:
– Foi como ficar debaixo de um trem de carga, o vento fez o prédio tremer – afirmou Cameron Berkman ao canal ABC em Hayman Island, onde passa férias, ao norte do arquipélago das ilhas Whitsunday.
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Em seguida, o ciclone Debbie se enfraqueceu ao chegar à região da cidade de Airlie Beach, de acordo com o escritório de Meteorologia da Austrália.
– Este é um sistema de tempestade muito destrutivo – alertou o comissário de polícia de Queensland, Ian Stewart. – Nós vamos receber muitos relatos de danos. Infelizmente, acho que também receberemos relatos de ferimentos, ou até de morte.
Imagens da televisão mostraram barcos quebrando paredes do porto de Airlie Beach quando a tempestade atingiu o local, enquanto mais de 50 mil casas ficaram sem eletricidade depois que as linhas de energia caíram. Vários iates afundaram, conforme a gerência do porto.
Entretanto, o ciclone Debbie é menos violento que o Yasi, uma das tempestades mais violentas que já atingiu a Austrália. Em 2011, os estragos provocados pelo Yasi provocaram perdas de mais de 1,4 bilhão de dólares australianos (US$ 1 bilhão).
Recuperação dos estragos
O primeiro-ministro do país, Malcolm Turnbull, afirmou que um navio anfíbio da marinha, helicópteros e aeronaves deverão ajudar com a limpeza. O pessoal de emergência ajudou a retirar mais de 30 mil pessoas da região.
Já a primeira-ministra de Queensland, Annastacia Palaszczuk, que classificou a tempestade como "monstro" que duraria várias horas, afirmou que pelo menos 30 mil casas ficarão sem energia elétrica.
– Nos preparamos para uma longa e dura jornada – declarou a primeira-ministra, que advertiu para os riscos de danos às infraestruturas.
A área afetada é um dos maiores produtores de açúcar, frutas e verduras da Austrália e abriga portos significativos de exportação de carvão e gás. Os portos de Mackay, Dalrymple Bay, Hay Point e Abbot Point foram fechados, na terça-feira, antes da chegada do ciclone.
As empresas de recursos, incluindo a BHP Billiton e a Glencore, fecharam operações portuárias e de mineração em um Estado que responde por cerca de 60% da produção global de carvão de coque, que é usada para fabricar aço.
A BHP disse que as operações em seu terminal de carvão de Hay Point e na mina South Walker Creek da BHP Billiton Mitsui Coal foram suspensas, enquanto a Glencore deixou de trabalhar nas suas minas de carvão Collinsville e Newlands. Os operadores de operações portuárias em Townsville, Abbot Point e Dalrymple Bay também interromperam o trabalho temporariamente.
Pior ciclone desde 2011
A tempestade Debbie é a mais violentaa atingir a Austrália desde a passagem do ciclone Yasi em 2011, que destruiu casas ao norte de Queensland e provocou danos avaliados em 1,05 bilhão de dólares.
Até o momento, 3,5 mil pessoas foram evacuadas das cidades de Home Hill e Proserpine, cerca de 100 quilômetros ao sul da turística Townsville, ponto de partida de excursões para a Grande Barreira de Coral. Outras duas mil pessoas, que residem na zona costeira central de Bowen, também foram retiradas da região.
As autoridades solicitaram que 25 mil moradores de Mackay, mais ao sul, procurem abrigo em áreas mais elevadas da cidade pelo temor de ondas de mais de dois metros.
Ian Stewart, da polícia estadual, citou danos estruturais e afirmou que pelo menos uma pessoa ficou gravemente ferida na queda de um muro. A agência meteorológica australiana, que prevê chuvas fortes, fez um apelo para que os moradores permaneçam em suas casas até nova ordem.
"Não se aventurem do lado de fora se estão no olho do furacão, já que os ventos devastadores podem retornar a qualquer momento", alertou a agência.
Mais de 100 escolas foram fechadas. As companhias aéreas Jetstar, Virgin e Qantas cancelaram voos.
*AFP