O presidente Barack Obama afirmou que poderia ter sido reeleito para um terceiro mandato e que o país ainda abraça amplamente sua visão política, apesar da eleição no mês passado de Donald Trump para sucedê-lo.
Estas declarações do líder americano foram feitas em uma entrevista publicada no podcast The Axe Files, produzido pela CNN e pela Universidade de Chicago.
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Obama, que encerra seu segundo e último mandato no cargo em pouco mais de três semanas, disse acreditar que o público americano ainda apoia sua visão progressista, apesar de ter votado em Trump – seu oposto político.
– Acredito nesta visão porque estou confiante de que, se tivesse concorrido de novo e articulado isso, acho que poderia ter mobilizado a maioria do povo americano para apoiar – declarou Obama ao entrevistador, seu antigo assessor sênior David Axelrod, na mais recente de várias entrevistas de fim de mandato que ele tem participado.
Ele se mostrou filosófico e um pouco pesaroso pela derrota dos democratas nas eleições presidenciais, quando Hillary Clinton perdeu para Trump em um resultado surpreendente.
– Perder nunca é divertido – disse a Axelrod, um estrategista político que ajudou a criar a campanha presidencial de Obama de 2008 e o acompanhou até a Casa Branca.
– Estou orgulhoso por ter tentado agir no cargo fazendo o que eu acho que é certo, ao invés do que é popular, e sempre digo às pessoas para não subestimarem a humilhação pública de perder na política – disse Obama.
– É diferente do que a maioria das pessoas experimenta como adultos, esse sentimento de rejeição – explicou.
Mas também se mostrou orgulhoso do progresso feito nos dois mandatos de sua presidência, graças ao "espírito da América", especialmente evidente na geração mais jovem.
– Esse espírito da América ainda está lá de várias formas. Ele se manifesta em comunidades em todo o país – disse o presidente. – Nós o vemos nesta geração mais jovem que é mais esperta, mais tolerante, mais inovadora, mais criativa, mais empreendedora, que nem sequer pensaria, sabe, em discriminar alguém por sua orientação sexual, por exemplo – afirmou.
– Todas essas coisas que eu descrevo, você vê em nossa sociedade, particularmente entre as pessoas de 20 e 30 anos – completou.
No início de dezembro, Obama fez um discurso sobre seu legado político e que também serviu de mensagem a seu sucessor. O presidente americano reivindicou uma ruptura com os anos de George W. Bush (2001-2009), recordando que ordenou a retirada de soldados americanos do Iraque e do Afeganistão.
– Em vez de colocar toda a responsabilidade nas tropas americanas, construímos uma rede de aliados – destacou o presidente.
Obama recordou ainda a bem sucedida operação contra o chefe da Al-Qaeda, Osama bin Laden, em 2011, e afirmou que hoje a organização não passa de "uma sombra de si mesma" e que os Estados Unidos "enfraqueceram o Estado Islâmico".
– Mas a ameaça terrorista permanece real – advertiu o presidente, apontando para as "falsas promessas" dos que pretendem acabar com o risco terrorista de um dia para o outro.
Em seu último discurso sobre a posição dos Estados Unidos no mundo, Obama insistiu no respeito à lei e à identidade americana.
– Devemos ser fiéis a nossos valores e nos apegar à lei. No longo prazo é nossa maior fortaleza – disse o presidente de 54 anos, que foi longamente aplaudido.
*AFP