Sobre um tema específico, o presidente eleito dos EUA não amenizou sua fala e seu modus operandi: Donald Trump parece determinado a retirar o país do acordo global de combate às mudanças climáticas. Quatro dias antes da vitória de Trump, o Acordo de Paris, assinado em 2015, entrou em vigor. Ontem, sob ameaça de saída dos EUA do pacto, chefes de Estado e de governo de mais de 180 nações abriram, em Marrakesh, Marrocos, a 22ª Conferência da ONU sobre mudanças climáticas.
Desde a campanha, Trump classifica o aquecimento global como uma farsa. Seus assessores estão analisando formas de contornar um procedimento que faz com que países signatários (Barack Obama assinou o pacto de Paris) consigam abandonar o tratado, segundo fonte que trabalha com a equipe de transição.
Após a confirmação da vitória de Trump, medidas já foram tomadas para cumprir uma das promessas de campanha do Partido Republicano: desativar a EPA, agência de proteção ambiental dos EUA. Trump teria escolhido Myron Ebell, um dos céticos do clima mais conhecidos do país, para liderar a equipe de transição da entidade, que administra quase todas as leis climáticas e ambientais do país. Ebell preside a Cooler Heads Coalition, um grupo de organizações sem fins lucrativos que questiona o que chama de “alarmismo sobre o aquecimento global”. A principal missão de Ebell poderá ser desmantelar a organização para qual foi escolhido como presidente. Ontem, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, tentou tranquilizar o mundo antes da abertura da reunião no Marrocos. Ele declarou que estava “otimista” e disse que Trump “entenderá a urgência das mudanças climáticas”:
– Tenho certeza de que ele tomará uma decisão adequada.
Os EUA são o segundo maior emissor de gases que provocam o efeito estufa no mundo, atrás da China. Sob o governo Obama, o país foi um dos principais incentivadores das negociações.