O navio do Greenpeace detido no último dia 18, em que está a bióloga porto-alegrense Ana Paula Maciel, 31 anos, chegou no final da manhã desta terça-feira ao porto no norte da Rússia para onde estava sendo escoltado e rebocado pela polícia. E a notícia que a família de Ana Paula teve, por meio do próprio Greenpeace, não é das mais alentadoras: os 30 integrantes do Greenpeace que estão na embarcação continuam detidos. Mais: o governo russo não pretende libertá-los e já fala em processá-los por pirataria, crime cuja pena pode chegar a 15 anos de prisão.
Já era noite quando a polícia retirou os ativistas do navio Arctic Sunrise e encaminhados de ônibus para um prédio da cidade de Murmansk, a 200 km a norte do Círculo Polar Ártico. O Greenpeace contatou já nesta terça o Itamaraty, e o governo brasileiro se juntou a seus advogados para tentar a libertação do grupo - há, além da brasileira Ana Paula, pessoas de outras 18 nacionalidades. Uma diplomata brasileira acompanhou o transporte dos ativistas até o local onde eles ficariam detidos.
- Querem processá-los por pirataria, mas é óbvio, todo mundo sabe, que o Greenpeace não faz pirataria. Eles terão de provar isso e não vão provar. Te confesso que estou bastante angustiada agora, mas meu coração de mãe diz que vai dar tudo certo. Ela ainda não nos telefonou, mas vamos acompanhando a situação. Cada telefonema é um susto, uma apreensão - disse para Zero Hora, na manhã desta terça-feira, Rosângela Maciel, a mãe de Ana Paula.
A detenção dos ativistas ocorreu na última quarta-feira. O governo russo diz que eles estavam em mares do seu país, o que teria representado a violação da sua soberania. Mas eles contestam que estavam em águas internacionais. Esse, aliás, é um dos elementos que terão de ser discutidos em eventual processo.
O grupo protestava contra a exploração de petróleo, e Ana Paula, que integra o Greenpeace desde 2006, participava do evento como marinheira - ela já deixou de ser ativista e passou a ser remunerada.
Em outra ocasião, ela já havia sido presa, quando protestava contra a caça de baleias no Caribe.
Na sexta-feira passada, Rosângela se dizia tranquila. Um dos argumentos para se sentir assim era o de que o Greenpeace tem sua equipe de advogados que está trabalhando duro para libertar o grupo.
Conforme imagens gravadas pelo Greenpeace, ativistas se aproximaram de uma plataforma de petróleo no Mar de Pechora, no Ártico, e dois alpinistas começaram a escalar a estrutura. De acordo com a organização, o intuito era de pendurar faixas contra a exploração de petróleo no Ártico. Logo chegou a guarda costeira russa, que atingiu os manifestantes com jatos d'água e os prendeu.
Em terra firme
Navio do Greenpeace detido chegou a um porto no norte da Rússia
Governo pretende processar ativistas por pirataria
Léo Gerchmann
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