O chanceler da Venezuela, Elías Jaua, anunciou nesta quinta-feira que os Estados Unidos fecharam o espaço aéreo para o avião do presidente Nicolás Maduro durante a viagem que fará neste final de semana à China, decisão que o diplomata chamou de "agressão".
- Recebemos a informação das autoridades americanas de que negaram a passagem pelo espaço aéreo americano no Atlântico durante a viagem de Maduro à China - disse o chanceler à imprensa, acrescentando que a Venezuela espera que os Estados Unidos "retifiquem" a decisão.
Segundo o chanceler, a proibição se aplicaria ao espaço aéreo do território de Porto Rico, associado aos EUA desde 1952.
- Denunciamos isso como mais uma agressão do imperialismo americano contra o governo (...) Ninguém pode negar o sobrevoo a um avião que transporta um presidente da República em uma viagem de Estado internacional. Não há argumento válido para evitar este sobrevoo - acrescentou o ministro Jaua.
O chanceler, que viajará a Pequim com Maduro, indicou que o governo venezuelano espera "que as autoridades americanas retifiquem o erro que seus subalternos estão cometendo. Ainda achamos que tenha sido um erro de seus subalternos".
O presidente da Bolívia, Evo Morales, pediu "uma reunião de emergência" da Celac para abordar a decisão de Washington de fechar seu espaço aéreo a Maduro.
Morales afirmou que defenderá na Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) "a saída imediata dos embaixadores dos EUA".
Em julho passado, o próprio Morales foi alvo de uma decisão semelhante quando Espanha, Portugal, França e Itália negaram ao presidente boliviano a passagem por espaço aéreo, em sua volta da Rússia. O motivo do bloqueio pelos quatro países europeus estaria relacionado às suspeitas de que Morales levava o ex-consultor de inteligência americano Edward Snowden, acusado de espionagem e considerado foragido por Washington.
Nicolás Maduro deve visitar Pequim entre 21 e 24 de setembro, onde se reunirá com o presidente chinês, Xi Jinping, e com o primeiro-ministro Li Keqiang, para fortalecer a cooperação bilateral iniciada no governo do falecido presidente Hugo Chávez (1999-2013). Na quarta-feira, o presidente afirmou que o objetivo de sua visita à China é "ratificar a aliança de alto nível, ampliá-la e aprofundá-la" em setores como o petróleo, finanças, industrial, alimentar e tecnológico.
Jaua garantiu que o presidente fará a visita a Pequim, motivo pelo qual o governo busca "outras opções de voo". A Venezuela já teria conseguido permissões para sobrevoar a Ásia e a Europa.
- Chegaremos, não importa a rota. Não há império que possa quebrar a vontade do governo bolivariano e chavista de continuar fortalecendo um mundo pluripolar, de continuar buscando o melhor da cooperação, como estamos conseguindo com a China - afirmou Jaua.
O chanceler disse que o adido comercial da Venezuela em Washington, Calixto Ortega, tentou se comunicar com autoridades do Departamento de Estado, o que até agora não teria sido possível.
Venezuela e Estados Unidos mantêm relações conflituosas desde o governo do presidente falecido Hugo Chávez (1999-2013) e não têm embaixadores nos respectivos países desde 2010.
Barrado
EUA fecham espaço aéreo para Nicolás Maduro
O presidente da Venezuela viajaria à China neste final de semana, sobrevoando o território de Porto Rico
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