
De jaleco branco e cercado de fotos de cientistas iranianos assassinados em atentados, o presidente Mahmoud Ahmadinejad dá o seguinte recado ao mundo: qualquer esforço ou sanção do Ocidente para barrar o programa nuclear do Irã será inócuo.
Com as primeiras barras de combustível de urânio enriquecido a 20% no próprio país, o Irã venceu a etapa mais difícil para o temido enriquecimento da substância para fins bélicos, avaliam especialistas ouvidos por Zero Hora.
- O mais complexo é chegar até os 20%. Depois disso, é muito mais fácil. Esta é a chave da questão - afirma um cientista, que para evitar uma saia justa diplomática, pede para não ser identificado.
Para construir uma ogiva nuclear, é necessário enriquecer urânio a 90%. Especialistas calculam que, em dois ou três anos, o Irã poderia chegar lá.
Além de combustível próprio, Ahmadinejad também anunciou a instalação de 3 mil centrífugas para o enriquecimento do mineral. As novas máquinas seriam mais eficientes do que as antigas, desenvolvidas a partir de tecnologia soviética já ultrapassada.
Em princípio, essas centrífugas apenas aumentariam a capacidade de atendimento de uma planta nuclear já instalada para gerar eletricidade. No entanto, pelo histórico do país em dificultar inspeções da Agência Internacional de Energia Atômica, há dúvidas sobre a real utilização dessas centrífugas. Até o momento, agências internacionais da área de energia nuclear se abstiveram de fazer comentários.
De concreto, o que se sabe é que, com a produção do próprio combustível, o Irã fechou o ciclo para a produção de energia. Tem minas de urânio, central de enriquecimento e usina nuclear. Também conseguiu alcançar tecnologia suficiente para produzir substâncias usadas em medicamentos e, se quiser, pode direcionar toda essa estrutura para se tornar, também, uma potência atômica.