
O bispo emérito de Blumenau (SC), dom Angélico Sândalo Bernardino, morreu na terça-feira (15), aos 92 anos. A informação foi confirmada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Dom Angélico foi o primeiro bispo diocesano da cidade de Blumenau, cargo que ocupou desde a criação da diocese, em 2000, até sua renúncia em 2009.
Segundo nota da Arquidiocese de São Paulo, após meses de internação e diversas cirurgias no Hospital Santa Catarina, localizado em São Paulo, desde novembro de 2024 dom Angélico estava sob cuidados domiciliares na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, em São Paulo.
“Testemunhou uma fé encarnada e comprometida com os mais pobres, valorizando sempre a comunhão e a participação”, destacou a Arquidiocese em nota.
Repercussão
A Diocese de Blumenau também se manifestou com pesar:
“Unimo-nos em oração a todos os que partilham deste momento de luto, especialmente aos familiares, amigos e fiéis que caminharam com ele ao longo de sua vida e ministério. Dom Angélico exerceu seu episcopado com dedicação, marcando a história da Igreja no Brasil como bispo auxiliar de São Paulo e como primeiro bispo da Diocese de Blumenau.”
Em nota assinada pelo presidente da CNBB, dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre (RS), a entidade expressou solidariedade:
“Acreditando na Ressurreição, desejamos que brilhe para ele a luz eterna.”
Quem foi dom Angélico
Dom Angélico nasceu em 19 de janeiro de 1933, em Saltinho, em Santa Catarina, e foi ordenado presbítero em 12 de julho de 1959, em Ribeirão Preto, em São Paulo. Formado em Filosofia, Teologia e Jornalismo, desempenhou diversas funções pastorais em Ribeirão Preto, incluindo diretor espiritual, cura da catedral, coordenador de pastoral e participação ativa em movimentos eclesiais.
Em 1974, foi nomeado bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo pelo Papa Paulo VI, sendo ordenado no ano seguinte por dom Paulo Evaristo Arns. Atuou nas regiões episcopais de Belém, São Miguel e Brasilândia; presidiu o Regional Sul 1 da CNBB; dirigiu o jornal O São Paulo e participou de importantes conferências do episcopado latino-americano.
Foi nomeado o primeiro bispo da Diocese de Blumenau em 2000 pelo Papa João Paulo II, permanecendo no cargo até 2009, quando teve sua renúncia aceita pelo Papa Bento XVI. Posteriormente, presidiu também o Regional Sul 4 da CNBB e integrou a Comissão dos Bispos Eméritos.
Dom Angélico é autor do livro Traço de União, dedicado ao Movimento Familiar Cristão. Seu lema episcopal era: “Deus é Amor”

Amigo pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva há mais de 30 anos, dom Angélico celebrou casamentos e batizados de filhos e netos do presidente, além de ter sido o sacerdote responsável pelo matrimônio de Lula com Janja da Silva. Em 2018, participou do ato ecumênico em homenagem à ex-primeira-dama Marisa Letícia, realizado antes da prisão do ex-presidente.
Lula emitiu nota de pesar pela morte do bispo:
"Recebi com profunda tristeza a notícia do falecimento do querido Dom Angélico, que dedicou sua vida à solidariedade e ao amor ao próximo, como nos ensinou Jesus Cristo. "Das greves dos trabalhadores em São Paulo nas décadas de 70 e 80, passando por momentos históricos da luta pela redemocratização e pela justiça social no nosso país, estivemos sempre juntos do lado da verdade e do bem comum", escreveu.
"Guardo as lembranças do grande amigo que fez da ternura e da bondade os princípios que guiaram sua vida. 'Amai-vos e não armai-vos' era sua lição para todos nós", completa a nota de Lula.
Lula e Janja estiveram com dom Angélico há cerca de uma semana, durante uma visita ao bispo em São Paulo.
* Produção: Camila Mendes