
A RBS realizou, nesta segunda-feira (24), um encontro de ouvidoria com deputados federais gaúchos para discutir caminhos para impulsionar o desenvolvimento do Rio Grande do Sul, quase um ano após a catástrofe da enchente de maio de 2024. A conversa abordou temas como infraestrutura, qualificação profissional, políticas públicas e o peso da bancada gaúcha na Câmara dos Deputados, e integra um conjunto de ações de escuta da sociedade civil lideradas pelo Conselho Editorial do grupo para direcionar uma nova fase do movimento Pra Cima, Rio Grande, a ser lançada em abril.
— Temos o compromisso de contribuir com o debate público e dar visibilidade às pautas estratégicas para o desenvolvimento do Estado. Estamos construindo um ponto de partida para visualizar o futuro — afirmou o presidente do Conselho de Gestão e publisher do Grupo RBS, Nelson Sirotsky.
Foram convidados todos os partidos com representação na Câmara, e compareceram os deputados Afonso Motta (PDT), Alceu Moreira (MDB), Any Ortiz (Cidadania), Covatti Filho (PP), Daiana Santos (PCdoB), Lucas Redecker (PSDB), Pedro Westphalen (PP) e Pompeo de Mattos (PDT), além de Nelson Sirotsky, do CEO do Grupo RBS, Claudio Toigo Filho, e de comunicadores e líderes das redações.
Na reunião, os deputados destacaram a necessidade de união política da bancada gaúcha para garantir avanços no desenvolvimento do Estado após as enchentes. A retomada de protagonismo nacional — nenhum gaúcho integra a mesa diretora da Câmara, por exemplo — foi um ponto apontado como razão para a dificuldade em buscar mais recursos no parlamento, diante da concorrência de bancadas do Nordeste e Norte.
Os parlamentares criticaram a falta de incentivos fiscais para o Sul e defenderam a criação de um fundo regional para estimular o desenvolvimento, semelhante ao que existe para o Nordeste e a Amazônia, para atrair investimentos. Além disso, a qualificação da mão de obra foi um problema apontado como prioridade. O papel do jornalismo profissional foi destacado pelos parlamentares como fundamental para combater a polarização excessiva e a dificuldade de construir consensos. Os deputados presentes se comprometeram em aprofundar a discussão sobre os temas mais urgentes para levar o Rio Grande do Sul de volta ao caminho do desenvolvimento, encontrando os pontos de convergência entre os diversos partidos.
O CEO da RBS, Claudio Toigo Filho, destacou o papel da imprensa de dar visibilidade aos temas considerados prioritários para o desenvolvimento do Estado:
— Acreditamos na capacidade de convergência de nossos representantes para estabelecer prioridades e consensos e no poder transformador da comunicação para amplificar o debate, o diálogo e a busca por soluções, mobilizando diferentes setores da sociedade para construir um futuro ainda melhor para o Rio Grande do Sul.
No próximo dia 14 de abril, será realizado outro encontro para debater rumos para o crescimento do Rio Grande do Sul, desta vez com representantes dos partidos na Assembleia Legislativa. Na semana passada, representantes do agronegócio foram ouvidos com o mesmo objetivo.
O que eles disseram
Afonso Motta (PDT)
"Há uma disputa federativa que leva a uma necessidade maior de coalizão para buscar recursos federais. Precisamos valorizar as frentes parlamentares e o trabalho das bancadas para fazer com que os recursos cheguem à vida das pessoas."
Alceu Moreira (MDB)
"A reconstrução do RS exige um eixo de convergência. Falamos muito na reconstrução material, de pontes, de estradas, mas a enchente não levou só a riqueza material, mas também alguns dos nossos melhores cérebros. Precisamos de capacitação profissional: a retomada é feita com gente."
Any Ortiz (Cidadania)
"No Congresso há um combate em relação ao Sul e Sudeste, como se não precisássemos de apoio. A imprensa tem um papel fundamental na mobilização dessas pautas: temos na qualificação profissional um ponto de convergência entre as bancadas."
Covatti Filho (PP)
"É preciso valorizar os cargos políticos, que são essenciais para combater a ideia de que o Sul não precisa de ações para desenvolvimento, que ficou visível quando buscamos recursos para responder à catástrofe. Perdemos investimentos porque outros Estados oferecem incentivos."
Daiana Santos (PCdoB)
"Não podemos esperar os problemas acontecerem para agir. A reconstrução do RS precisa de investimentos e políticas redistributivas, mas também aporte de recursos em pesquisa, para a prevenção, e não apenas na resposta a crises."
Lucas Redecker (PSDB)
"A reconstrução do RS é um ponto de convergência da bancada. Nosso setor produtivo precisa de apoio: Securitização, garantir o crédito a quem não tem mais acesso, investimentos em irrigação para dar condição a quem quer produzir e fortalecer nossa economia."
Pedro Westphalen (PP)
"Precisamos de um trabalho para construir consensos: colocar na mesa de discussão os pontos em que concordamos para buscar recursos e aumentar o peso dos gaúchos no Congresso. Além do agronegócio, o setor de saúde precisa ser visto com mais atenção."
Pompeo de Mattos (PDT)
"Todas as regiões têm programas de incentivos fiscais para atrair empresas, menos o Sul. Precisamos pautar essas discussões, e avançar em pautas que beneficiam o Rio Grande do Sul, como infraestrutura das fronteiras com Uruguai e Argentina e qualificação profissional."