
A prefeitura de Bagé, na Campanha, restringiu o uso de água potável em razão da estiagem que afeta a região. Decreto assinado na sexta-feira (28) pelo prefeito Luiz Fernando Mainardi (PT) proíbe a lavagem de veículos, pátios e calçadas, a irrigação de gramados e jardins e o abastecimento de piscinas com água tratada.
O documento também indica que as residências, os estabelecimentos comerciais e industriais e as propriedades agrícolas devem restringir o uso da água ao "mínimo indispensável para atividades essenciais", como consumo e higiene. A regra vale tanto para a zona urbana quanto para a zona rural do município.
Quem descumprir as normas poderá ser punido com advertência, multa de até quatro vezes o valor da fatura mensal e até interrupção temporária do fornecimento, caso persista na infração. A prefeitura também disponibilizou os telefones 3240-7800 e 115 para denúncias sobre o desperdício de água.
O decreto também autoriza o Departamento de Água, Arroios e Esgoto de Bagé (Daeb) a implementar racionamento de água, mas não estipula a data e o formato da medida. De acordo com a prefeitura, a equipe da autarquia vai avaliar diariamente a necessidade de racionamento.
O diretor do Daeb, Max Geraldo Meinke, diz que as ondas de calor do verão e a falta de chuvas reduziram o nível das barragens do município. Meinke diz o departamento fez a opção por restringir atividades para que o nível se estabilize, mas admite que o racionamento está no radar da prefeitura:
— Os modelos meteorológicos que chegam até nós não são animadores. As chuvas do último período, com exceção de dezembro, foram irregulares. Então é uma possibilidade de que isso (racionamento) aconteça. Estamos observando dia a dia.
Nos últimos anos, a prefeitura da cidade tem implementado racionamento de seis horas ou 12 horas diárias, em razão das estiagens. Nesse modelo, metade da cidade fica sem abastecimento por 12 horas seguidas.
Considerada a solução para resolver os problemas de abastecimento de água no município, a obra da barragem de Arvorezinha tem previsão de conclusão em 2028. Os serviços são realizados pelo Exército Brasileiro.
Chuva abaixo da média histórica
A pouca quantidade de chuva registrada nos últimos dias é a principal causa da restrição ao uso da água em Bagé. Em janeiro, a Estação de Tratamento de Água (ETA) local registrou 34,2 milímetros de precipitação, frente a uma média histórica de 143,9 milímetros no mês.
Em fevereiro foram registrados 93,9 milímetros. O índice é acima da média para o mês, de 89,9 milímetros, mas não foi suficiente para a recuperação dos reservatórios.
A barragem Sanga Rasa está 3m70cm abaixo do normal, enquanto a barragem do Piraí está com 2m negativos.
Situação de emergência chega a 200 municípios
Bagé é um dos 200 municípios gaúchos que já decretaram situação de emergência em razão da estiagem de 2025 no Rio Grande do Sul. O número foi atualizado pela última vez no sábado pela Defesa Civil e corresponde a 40% das cidades gaúchas.
Confira as restrições implementadas pelo decreto
O decreto limita o uso de água potável em Bagé e proíbe atividades como:
- Lavagem de veículos automotores de qualquer espécie, incluindo em postos que mantêm essa atividade comercial;
- Lavagem de passeios públicos, pátios e fachadas de prédios;
- Irrigação de gramados, jardins e floreiras;
- Reposição ou troca de água de piscinas;
- Uso da água para fins que não são considerados prioritários ou para atividades que não são essenciais em residências, atividades agrícolas ou estabelecimentos comerciais e industriais.