Nesta quarta-feira (25), estreia na Netflix a série Todo Dia a Mesma Noite, que retrata o incêndio que atingiu a Boate Kiss em 2013, provocando as mortes de 242 pessoas, em Santa Maria. A obra é baseada no livro homônimo da jornalista e escritora Daniela Arbex, que conta a história da tragédia e também de sobreviventes. Uma dessas histórias é a da terapeuta ocupacional Kelen Ferreira, hoje com 26 anos, que teve o pé direito amputado e 18% do corpo queimado no incêndio.
— É preciso que as pessoas olhem e se coloquem no nosso lugar — disse Kelen sobre o lançamento da série, em entrevista ao programa Estúdio Gaúcha, da Rádio Gaúcha.
Kelen se formou em 2015 e hoje trabalha na cidade de Pelotas. Ela conta que tomou conhecimento sobre a série em 2020, quando foi procurada por Daniela Arbex para contar sua história, uma vez que ela não é mencionada no livro.
Ela comenta a dificuldade de reviver os momentos de sofrimento da tragédia, mas reitera a importância da exibição da série para evitar que outro episódio semelhante ocorra.
— É muito complicado viver o mês de janeiro, porque voltam todas as lembranças. Fico com o coração muito apertado. Agora, com a série, também fico muito apreensiva. A história precisa ser contada para que as pessoas não esqueçam e para que não aconteça novamente — ressalta.
Ela afirma que está se preparando psicologicamente para assistir à série logo nos primeiros momentos em que a plataforma de streaming liberar os episódios. Ela comenta também a experiência de ter conhecido a atriz Paola Antonini, que a interpretará na série e que também tem uma perna amputada.
— Fiquei muito feliz de conhecer a Paola. Ela me ajudou muito nesse processo de aceitação do próprio corpo. Conhecer ela e ser acolhida foi muito importante — diz.
A atriz também concedeu entrevista à Rádio Gaúcha, contou que acompanhou os depoimentos durante o julgamento e comentou a composição do seu personagem.
— Quando surgiu a minha personagem, houve uma inspiração muito grande nela (Kelen), mas também em outras pessoas. A personagem é mineira, por ser uma Universidade Federal. A minha personagem reúne a memória de vários jovens — comenta Paola.