A realidade teima em desafiar expectativas otimistas em Alegrete, na Fronteira Oeste. Mesmo com sol e céu azul nesta terça-feira (15), perturbados por tempestades passageiras, o nível do Rio Ibirapuitã voltou a subir. Estava 11,2 metros na segunda-feira (14) e passou para 12,4 metros acima do nível nesta terça. É que choveu torrencialmente em Santana do Livramento, onde ficam as nascentes do rio, água essa que desceu em direção a Alegrete.
O Ibirapuitã tem recebido também contribuição de águas do Rio Ibicuí, outro grande manancial da região. O resultado é que, ao invés de baixar, o nível aumentou um pouco. GaúchaZH fez um sobrevoo na área mais atingida pelas cheias este ano, o município de Alegrete, uma cortesia de pilotos vinculados ao aeroclube da cidade.
O cenário é desolador. Grandes partes da zona urbana continuam isoladas, quase uma semana após o início das chuvaradas que devastaram o município. É o caso do Estádio Municipal Farroupilha (que virou um piscinão de águas de chuva) e de vastas áreas residenciais próximas ao Ibirapuitã.
A ponte Borges de Medeiros, que liga dois lados da cidade, continua bloqueada para o tráfego, embora já não esteja coberta de água. Outras pontes, férreas, estão sem comunicação com a cidade, porque os trilhos ficaram cobertos pelo rio.
Em alguns estacionamentos é possível ver carros com água até o teto. As residências inundadas são centenas, quiçá milhares.
O estrago é tão ou mais impressionante na Zona Rural. Arrozais a perder de vista estão submersos e fica impossível distinguir onde estão as plantas - já que o terreno se tornou um gigantesco açude. Perda total, já que a planta não consegue sobreviver uma semana "afogada". Algumas fazendas estão ilhadas, sem comunicação por estrada. O gado, isolado, sem que alguém possa ordenhar as vacas. Os animais lutam para conseguir pasto.
— Os gaúchos vão colher quase um milhão de toneladas de arroz a menos em decorrência dessa cheia. A produção deve baixar de 8,2 milhões de toneladas para 7,3 milhões — diz o presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do RS (Federarroz), o alegretense Henrique Dornelles.