A assembleia do Diretório Central dos Estudantes (DCE) de Santa Maria reuniu milhares de alunos dos cursos da Universidade Federal (UFSM) ao campus na tarde desta quinta-feira. O encontro colocou em discussão o apoio à greve dos servidores e professores e as ocupações dos prédios da universidade.
Inicialmente programada para ser realizada no Centro de Ciências Rurais (CCR), a reunião foi transferida para o largo do Planetário. Bem antes do horário marcado para o debate, 17h, o entorno do prédio já estava cheio de estudantes. Eles vinham de todos os lados do campus, a pé, de bicicleta, de ônibus e de carro. O sol que elevou a temperatura a 30ºC em Camobi, segundo o Setor de Meteorologia da Base Aérea de Santa Maria (Basm), também fez com os alunos tentassem se proteger usando sombrinhas e guarda-chuvas e procurando as sombras das escassas árvores das redondezas.
Quem parava em frente ao Planetário via dois grupos de estudantes com posições divergentes. À esquerda, os que defendiam a ocupação e a greve geral, portavam cartazes contra a PEC 55 e contra o presidente Michel Temer fazendo bastante barulho. À direita, em menor número e mais discretos, aqueles que queriam a desocupação dos prédios e a manutenção das aulas. De longe, dois vigilantes acompanhavam a movimentação.
Às 17h15min, a multidão começou uma caminhada em direção ao estádio do Centro de Educação Física e Desportos (CEFD). Os estudantes ocuparam praticamente toda a arquibancada, que tem capacidade para mais de cinco mil pessoas. De novo à esquerda, os pró-ocupação, preenchiam dois terços da escadaria. Entre eles, militantes do Movimento Sem Terra (MST) tremulavam uma bandeira. À direita, os que defendiam as aulas representavam um terço da massa.
Conforme o DCE, o atraso para início da assembleia ocorreu porque a organização não esperava a presença de tantos estudantes e, por isso, foi necessária a mudança de lugar. Além disso, foi preciso chamar um carro de som, que só chegou ao campus, às 18h30min.
Até esse horário, o evento transcorria com tranquilidade, mas a expectativa anterior era de tensão. Isso porque, nas redes sociais, há relatos de ameaças aos estudantes que ocupam prédios da universidade. Ontem, a página da Seção Sindical dos Docentes da UFSM (Sedufsm) reproduziu trecho de uma postagem, considerada pela entidade como incitação à violência.
À RBS TV, o reitor Paulo Burmann disse que a Polícia Federal já foi acionada e está monitorando as manifestações. Ontem, ele se reuniu com diretores dos Centros para discutir a situação.
Professores participam de mobilização nacional
As mobilizações dos estudantes são a resposta de servidores e estudantes à PEC 55 (antiga PEC 241, que congela por 20 anos os gastos públicos em educação e saúde), à Medida Provisória 746 (que propõe a reforma do Ensino Médio) e à reforma trabalhista do Governo Federal.
As ocupações tiveram início terça-feira, com a tomada do prédio 17, da Geografia, e foi seguida pelos prédios 74 A e C do Centro de Ciências Sociais e Humanas (CCSH), Centro de Artes e Letras (CAL), prédio 40, e 16B do Centro de Educação (CE).
As pautas são as mesmas dos servidores técnico-administrativos, em greve há mais de uma semana, e dos professores federais que hoje integrarão uma mobilização nacional de greve. Em Santa Maria, será realizado um ato público às 17h, na Praça Saldanha Marinho. Professores da rede pública e vários sindicatos vão participar do protesto.
Menos ônibus nesta sexta e segunda
Hoje e na segunda-feira, o consórcio SIM, responsável pelo transporte coletivo em Santa Maria, vai reduzir os horários das linhas que levam ao campus da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). O motivo é a paralisação de professores e servidores hoje e o feriadão de Proclamação da República. Conforme o calendário acadêmico, segunda-feira é dia não-letivo.
Os horários podem ser conferidos no site www.simsm.com.br. Outras informações pelos telefones (55) 3220-8397 e 3027-9001.