Muitas das pessoas que passaram pelo Cemitério do Centro Israelita, em Porto Alegre, para se despedir de Marcos Rachewsky, na última terça-feira, tinham pelo menos uma história para contar sobre o empreendedor, que fazia amigos, e não clientes. Grande parte dos relatos, conta a família, relembrava a trajetória do varejista à frente da Soberana dos Móveis e sua personalidade afetiva, que se espelhava no slogan da empresa: "O crediário mais amigável da cidade".
– Ele ajudava as pessoas que queriam comprar facilitando condições de pagamento – conta a filha Sílvia Rachewsky.
Tio Marquinhos, como era mais conhecido, morreu na última segunda-feira, aos 87 anos, no Hospital Beneficência Portuguesa, na Capital. Foi internado em decorrência de uma fratura do fêmur e não resistiu a complicações diversas.
Nascido na colônia de Phillipson e registrado na vila de Erebango, atual município de Erechim, deixou a Região Norte quando era jovem e escolheu Porto Alegre para crescer profissionalmente.
Começou trabalhando na empresa de um tio e, em 1958, fundou, junto do sogro, a Soberana dos Móveis. Especialista em móveis, a empresa chegou a ter 26 filiais e, quando se arriscou no segmento de eletrodomésticos, também deu certo. Tio Marquinhos liderou a loja até a década de 1990, quando o negócio fechou as portas. Mas, como lembra uma nota de pesar do Sindilojas, o nome do empreendimento "ainda permanece forte na memória dos porto-alegrenses".
A veia associativa de Tio Marquinhos resultou na criação de uma confraria pouco próxima de seu perfil. Ele não era italiano, não tinha restaurante típico daquele país, mas, por apreciar tal culinária, idealizou uma confraria de donos de restaurantes italianos de Porto Alegre. Em 1987, também recebeu o título de Cidadão Honorário da cidade.
Do casamento de 62 anos com Anita Rachewsky, deixa os filhos Roberto, Márcia, Sílvia e Cláudia e oito netos.