O ex-dono da Delta, Fernando Cavendish chegou ao Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Rio de Janeiro, por volta das 4h deste sábado. O empresário foi preso assim que desembarcou no terminal, de onde saiu escoltado por agentes da Polícia Federal e de cabeça baixa, sem responder a perguntas de jornalistas que estavam no local. Segundo informações do portal G1, ele já passou pelo Instituto Médico Legal (IML) e, pouco antes das 6h, chegou ao presídio Ary Franco, em Água Santa, na zona norte da cidade.
Segundo os agentes da PF, Cavendish já sabia que era aguardado pela polícia no aeroporto. Ele teve prisão pedida pela Justiça, mas, nesta sexta, o desembargador Ivan Athié, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), transformou em prisão domiciliar.
Leia mais:
Justiça manda Cavendish, Cachoeira e mais três para prisão domiciliar
Por que Cachoeira estava solto mesmo condenado?
Procurado pela PF, empresário bon vivant já foi alvo de denúncias do MPF
A decisão vale também para outros quatro réus: Carlos Augusto Ramos, conhecido como Carlinhos Cachoeira, e os empresários Adir Assad, Marcelo Abbud e Cláudio Abreu, que assim como Cachoeira foram presos na quinta.
Despacho do juiz
Foram estabelecidas sete medidas cautelares: afastamento da direção das empresas envolvidas nas investigações; recolhimento domiciliar integral até que demonstre ocupação lícita; comparecimento quinzenal em juízo; obrigação de comparecimento a todos os atos do processo; proibição de manter contato com os demais investigados; proibição de deixar o país, devendo entregar o passaporte em até 48 horas; e monitoração por meio de tornozeleira eletrônica.
O Ministério Público Federal acusa o empresário Fernando Cavendish, dono da empreiteira Delta Construções S/A, os operadores Carlinhos Cachoeira, Adir Assad e Marcelo Abbud de lavagem de R$ 370 milhões entre 2007 a 2012, na Operação Saqueador.
Operação Saqueador
A Procuradoria da República, no Rio, ofereceu denúncia contra Fernando Cavendish e mais 22 pessoas envolvidas em esquema de lavagem envolvendo verbas públicas federais. Dentre os denunciados estão executivos, diretores, tesoureira e conselheiros da empreiteira, além de proprietários e contadores de empresas fantasmas, criadas por Carlinhos Cachoeira, Adir Assad e Marcelo Abbud.
Operação lista 18 empresas de fachada usadas pela Delta para lavagem de R$ 370 milhões.
Os investigadores apuraram a atividade da empreiteira Delta e constataram que, entre os anos de 2007 e 2012, a empresa teve 96,3% do seu faturamento oriundo de verbas públicas, chegando ao montante de quase R$ 11 bilhões. Desse total, mais de R$ 370 milhões foram lavados, por meio de pagamento ilícito a 18 empresas de fachada, criadas pelos chamados "operadores" do esquema. Cachoeira, Assad e Abbud eram os responsáveis por criar as empresas fantasmas que lavavam os recursos públicos, por meio de contratos fictícios, que eram sacados em espécie, para o pagamento de propina a agentes públicos, de forma a impedir o rastreamento das verbas.
Essas companhias existentes somente no papel pertencem aos dois principais grupos de operadores do esquema Delta, segundo o MPF, o liderado por Assad e o liderado por Cachoeira. No caso do primeiro grupo, Adir Assad já foi condenado pelo juiz Sergio Moro a nove anos e 10 meses de prisão por utilizar suas empresas de fachada para lavar o dinheiro da propina no esquema de corrupção na Petrobras. Para o MPF, ele teria adotado o mesmo modus operandi, inclusive usando as mesmas empresas fictícias, para lavar dinheiro da Delta que teria sido direcionado para o bolso de agentes públicos e até políticos.
* Com agências