O presidente da Câmara de Vereadores de Bento Gonçalves, Valdecir Rubbo (PTB), foi denunciado pelo Ministério Público por fraude em concurso realizado na casa. O MP também ofereceu nova denúncia contra o ex-secretário de Administração do município, Rafael Paludo, e o empresário Maicon Cristiano de Mello. Os três foram enquadrados por corrupção ativa e passiva. Contra Maicon e Valdecir pesam ainda novas acusações de associação criminosa e falsidade ideológica. Franciele Rech Fragoso e Herneto Hattge Filho também são acusados de associação criminosa por colaborar com o esquema.
Maicon é sócio da IDRH, empresa que organizou os concursos da Câmara e da prefeitura entre 2014 e 2015. Contra ele, Paludo e outras cinco pessoas já havia denúncias desde março por organização criminosa, fraude em licitação e falsidade ideológica pelas irregularidades apontadas no concurso da prefeitura, reveladas em setembro de 2015 pela Operação Cobertura.
As novas denúncias são um desdobramento da investigação inicial que apontou indícios de que o esquema também ocorreu na Câmara, onde o concurso foi realizado antes. Os detalhes da fraude foram obtidas por meio de colaboração premiada do empresário, que foi homologada nesta quarta pela Justiça. Em troca, Maicon está em liberdade e terá redução de pena.
De acordo com o promotor de Justiça Especializada Criminal de Porto Alegre, Mauro Rockenbach, Rubbo pagou R$ 5 mil para que a IDRH aprovasse no concurso oito pessoas apontadas por ele. Para a aprovação de 14 pessoas no concurso da prefeitura, Rafael Paludo pagou R$ 18 mil, como revelou Maicon na delação.
A fraude era realizada por meio da troca dos cartões de respostas no momento da correção. O MP pediu o afastamento de Rubbo do cargo e a anulação do concurso, o que deve ser decidido pela Justiça. Conforme Rockenbach, há fortes indícios de que Paludo realizou a negociação com a IDRH por influência de Rubbo, já que o próprio presidente da Câmara era um dos indicados para ser beneficiado no concurso da prefeitura.
"O presidente da Câmara não tem condições morais de ocupar o cargo porque colocou a coisa pública à disposição de interesses pessoais", defende Rockenbach.
No caso do concurso da Câmara, os aprovados, incluindo os não beneficiados pela fraude, já foram nomeados. Caso a Justiça aceite o pedido de anulação, os servidores perderão os cargos. O concurso da prefeitura, realizado depois, não foi homologado pelo prefeito Guilherme Pasin, após as suspeitas de fraude. Desde o início das investigações na Câmara, em março, a reportagem da Gaúcha Serra tenta, sem sucesso, contato com Valdecir Rubbo.
Na colaboração premiada, Maicon revelou ainda que a IDRH organizou concurso fraudulento em André da Rocha, na Serra