Realizar algumas atividades simples, como servir um chimarrão, pode ser difícil e desafiador para pessoas com deficiências, sobretudo para quem sofre com dificuldades visuais. Pensando em facilitar a vida dessas pessoas, Ricardo Abelin Fleck, 30 anos, estudante de Desenho Industrial, com habilitação em projeto de produto, criou uma nova tecnologia.
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A criação é um objeto produzido em aço inox, que se adapta à garrafa térmica. Depois do encaixe, o deficiente visual alinha o bico da garrafa com o ponto de referência. E, seguida, ele encosta a cuia abaixo da saliência e serve o mate. Sob orientação do professor Sérgio Brondani, Ricardo elaborou e criou o projeto em dois semestres.
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– Tecnologia assistiva é um arsenal de recursos e serviços que contribuem para proporcionar ou ampliar habilidades funcionais de pessoas, promovendo vida independente e inclusão. Por isso, ele criou algo simples e viável para facilitar a vida dessas pessoas – explica o professor.
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O projeto contou com a participação de voluntários da Associação de Cegos e Deficientes Visuais de Santa Maria (ACDV). O grupo testou os protótipos até o aluno chegar na versão final.
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– Antes, em uma roda de amigos, eu evitava servir o chimarrão em função do constrangimento da situação. Com a criação do Ricardo, as pessoas cegas ou até as que têm outras dificuldades para enxergar podem servir o chimarrão com mais segurança – explica o voluntário Cristian Sehnem, 40 anos, cego desde os 20 anos, por complicações do diabetes.
Ainda sem fabricação
O estudante contou com o auxílio da família até chegar ao tema do projeto que também foi motivado pelo regionalismo.
– Meu pai sugeriu relacionar o trabalho a pessoas com necessidades. Como eu tenho uma irmã especial, abracei a ideia. Escolhi o grupo e valorizei o chimarrão como um hábito regional importante no convívio das pessoas que moram no Sul e, assim, fui desenvolvendo o projeto – explica o estudante.
Ricardo diz que não tem condições de arcar com a produção do objeto para comercialização. Mas ressalta que a obra é livre e aberta para que empresas possam aprimorá-lo e até fabricá-lo.
– O objetivo é beneficiar a sociedade e facilitar a vida das pessoas cegas – diz o aluno, que vai defender o trabalho de conclusão de curso hoje, na UFSM.