Os eslovacos votam neste sábado em eleições legislativas, nas quais o primeiro-ministro social-democrata em fim de mandato Robert Fico, contrário a acolher os migrantes, parte como favorito.
Fico, que deseja obter seu terceiro mandato, centrou sua campanha neste tema. E na Europa Oriental não está sozinho: o chefe do partido no poder na Polônia, Jaroslaw Kaczynski, o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, e o presidente tcheco Milos Zeman compartilham seu ponto de vista.
A Eslováquia recorreu à justiça para denunciar um sistema de divisão de migrantes por quotas, que foi acordado em nível europeu e que Fico classificou de fiasco.
"Nunca deixaremos entrar na Eslováquia um muçulmano, nem criaremos uma comunidade muçulmana aqui, porque representam um grave risco para a segurança", disse há alguns dias em um comício de seu partido, o Smer-SD.
Parte da população parece compartilhar sua opinião. "Votei em Smer. Gosto da forma como governam o país. Considero Fico digno de confiança", afirmou à AFP Anna, ao sair de um colégio eleitoral em Rusovce, um subúrbio de Bratislava.
Os centros de votação abriram às 06h00 GMT (03h00 de Brasília) e fecharão às 21h00 GMT (18h00 de Brasília).
"Protejamos a Eslováquia"
Jan Baranek, analista do think-tank Polis Slovakia, afirmou que Fico "chegou ao ponto de mudar o lema de seu partido por 'Protejamos a Eslováquia', deixando subentendido que se refere aos migrantes" que chegam à Europa fugindo da pobreza ou de conflitos no Oriente Médio e na África.
Junto com seus sócios dos países vizinhos, o primeiro-ministro em fim de mandato se comprometeu a ajudar a Bulgária e a Macedônia a fechar as fronteiras caso a Grécia não consiga deter os migrantes procedentes da Turquia.
"Chegamos ao ponto de que (...) a Grécia poderia ser sacrificada para salvar Schengen", advertiu. Seu país assumirá a presidência rotativa da UE a partir de julho.
Ele também insiste que a Eslováquia, membro da zona do euro desde 2009, irá se opor à concessão de novas ajudas econômicas para resgatar a Grécia: "Para nós é uma linha vermelha", disse o primeiro-ministro em fim de mandato, que parece não se comover com o risco de um "Grexit" (uma saída da Grécia do euro).
Seu partido ocupa atualmente 83 assentos dos 150 no Parlamento e, segundo as pesquisas, obteria entre 65 e 70.
Dias antes da votação, alguns problemas ligados à educação e aos serviços de saúde relegaram ao segundo plano sua retórica contra os migrantes.
Segundo os analistas, pode ser forçado a formar uma coalizão com o partido de extrema-direita SNS, como já fez entre 2006 e 2010, ou a buscar sócios centristas ou de direita.
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