
Ao fim de uma paralisação de três dias iniciada na terça-feira desta semana, o Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul (Cpers) realizou na tarde desta sexta-feira uma assembleia para definir os rumos da categoria neste ano. A atividade ocorreu no Gigantinho, em Porto Alegre. Com a maioria dos votos, foi decidido que na segunda-feira as aulas voltam ao normal e que a greve deve ser melhor construída para que possa aderir mais pessoas e ser efetiva. Em abril, uma nova assembleia será convocada para avaliar a necessidade ou não de início de uma paralisação mais extensa.
Além disso, uma pauta de reivindicações foi aprovada durante a tarde pelos cerca de 3 mil professores e funcionários de escolas que estavam no Gigantinho, conforme o Cpers. Após o encerramento da assembleia, pelo menos 700 pessoas, segundo a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), participaram de uma caminhada em direção ao Palácio Piratini. A Brigada Militar também acompanhou o ato.
– A partir de segunda, retomamos as aulas, mas começam intensas mobilizações, que seguirão pelos próximos 30 dias para que possamos construir uma greve massiva, para que o governo nos apresente uma proposta salarial. Uma grande greve leva a uma solução rápida, mas nossa preferência é por negociar – destacou a presidente do Cpers, Helenir Aguiar Schüler.
Leia mais
Sindicatos convocam paralisação de quatro dias nas escolas estaduais
Adesão dos professores estaduais à paralisação é baixa em Porto Alegre
Na chegada ao Piratini, os participantes da caminhada foram recebidos por servidores públicos de outros setores, que compartilham o pedido de reajuste salarial. No caso do Cpers, a reclamação é de que os rendimentos estão com defasagem de 69,44%. Este, inclusive, foi o principal ponto da pauta de reivindicações, entregue em mãos ao secretário de Educação, Carlos Eduardo Vieira da Cunha. Além dele, recepcionaram a comitiva do sindicato o secretário adjunto da Casa Civil, José Guilherme Kliemann, e o chefe de gabinete do governador, João Carlos Mocellin.
– O nosso propósito é atender a solicitação e estabelecer a mesa de negociações. Vamos seguir com a postura de permanente diálogo, mas o conhecimento da realidade do Estado é importante para saber dos limites para atender as demandas – afirmou Vieira da Cunha após o encontro com representantes do Cpers.
Na avaliação do sindicato, a demanda do reajuste salarial precisa ser atendida de imediato. Do contrário, a greve será inevitável.
– Fomos recebidos pelo Vieira da Cunha, entregamos a pauta e solicitamos que a negociação seja estabelecida. Eles ficaram de nos dar a resposta – comentou Helenir.
Durante a caminhada entre o Gigantinho e o Piratini, palavras de ordem como "Sartori a culpa é tua" e "Fora Vieira" foram ditas pelos participantes. Além disso, gritos de "Não vai ter golpe" também marcaram a atividade. Merendeira de uma escola estadual de Pelotas, Celda Goulart, 60 anos, aprovou a decisão da assembleia.
– Eu acho que é muito melhor a gente se organizar, colocar na mídia a nossa realidade e então construir uma boa greve. A situação está muito ruim, esse mês recebi meu salário dividido em três vezes – relatou.
A questão salarial, embora fosse a pauta principal, foi acompanhada de outras reclamações sobre as condições das escolas. Professora de uma instituição em Santa Rosa, Eloisa Wolmer, 48 anos, destacou vários problemas que enfrenta diariamente:
– Esse ano não foi servida merenda ainda na escola em que eu trabalho. E nós, professores, pagamos pelas cópias e temos que comprar as canetas para poder escrever nos quadros. Estamos pagando para trabalhar.
Questionado sobre a situação relatada pela professora, o secretário de Educação alegou que repasses têm sido feitos para a área.
– A crise financeira do Estado não nos torna imunes às dificuldades em nenhuma das áreas. A educação é prioridade, tanto que 33,7% da receita líquida do Estado em 2015 foi aplicada nesta área. Os números comprovam que priorizamos a educação – rebateu Vieira da Cunha.
Paralisação durante a semana
Conforme o Cpers, a adesão à greve realizada entre terça e quinta-feira foi de pelo menos 70% dos professores e funcionários de escolas em todo o Estado. Enquanto algumas escolas fecharam as portas no período, outra mantiveram funcionamento parcial. O sindicato não contabilizou o número de instituições de ensino ou de alunos afetados pela paralisação.
Veja como foram a assembleia e a caminhada realizadas pelo Cpers: