Mais do que se mudarem da Zona Norte de Porto Alegre para morarem próximos ao mar em Imbé, no Litoral Norte, a artista plástica Virna Alice Marciel, 44 anos, e o técnico em transações imobiliárias Julio Puglia, 60 anos, encontraram um novo rumo na vida. Há sete anos, movidos pela quantidade de cães abandonados na cidade, os dois fundaram a Associação Imbeense de Proteção aos Animais (Aimpa).
Sem espaço apropriado para manterem os cães e os gatos resgatados, Virna e Julio venderam a casa e o restaurante da família e se transferiram para uma área rural de Imbé, onde construíram o abrigo provisório. Em quase sete anos, recolheram mais de três mil animais das ruas da região litorânea. Hoje, dividem a própria casa com 33 cães, enquanto mais de 400 moram nas centenas de casinhas de madeira espalhadas pelo terreno. Dez deles são cadeirantes.
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Dependendo de doações, a Aimpa conta com auxílio da prefeitura apenas para ter um funcionário de segunda à sexta-feira e 15 dias de ração. Porém, os gastos ultrapassam R$ 20 mil mensais. Para arrecadar mais fundos, Virna e Julio promovem feiras, rifas e ações. Hoje, mesmo sem patrocínio, o casal mantém o sonho de erguer a sede oficial já desenhada no papel.
Enquanto seguem sonhando, Virna e Julio dedicam a vida a cuidar de Caco, Cacau, Lady, Lorde, Dudinha e outros tantos cãezinhos que estão à espera de uma família.
Luta
"Adotar é um ato de amor. A Associação Imbeense de Proteção aos Animais é formada por pessoas que são apaixonadas por animais e lutam pela vida e pelo bem-estar de cada um deles, prioritariamente na cidade de Imbé, no litoral gaúcho. Lutamos contra a exploração, o abandono e a crueldade que vitimam os animais, promovendo o reconhecimento de seus direitos e das leis que os protegem."
Abandono
"Hoje, infelizmente, muitos animais são vítimas de maus-tratos e de atos de imensa crueldade, além daqueles que são abandonados covardemente depois de anos de fidelidade. Alguns, dificilmente serão adotados, em função de doenças ou de alguma debilidade mais grave. Outros esperam ansiosamente por um lar. Filhotinhos, animais adultos. Todos em busca de carinho, porque o amor verdadeiro não tem idade."
Natalino
"Uma das histórias que mais nos comoveu é a do Natalino. Ele foi abandonado na noite de Natal de 2013, dentro de uma caixa na frente do nosso terreno. Chovia muito e só ouvimos os latidos dos outros. Quando abrimos a caixa, vimos ele encolhido. Dei o nome em homenagem à data. Ele é velhinho, tem mais de dez anos e cego. Mas é muito dócil."
Doações
"Resgatamos apenas animais vítimas de maus-tratos ou em situação de risco como fêmeas grávidas, filhotes e animais machucados. Os animais são reabilitados e, quando saudáveis, são encaminhados para adoção. A prefeitura nos oferece um funcionário de segunda à sexta-feira para nos auxiliar e, ainda, ração para 15 dias. Mas dependemos muito de doações."
Carinho
"A gente vive em função dos animais. A rotina começa 6h30min e só termina à noite. É dedicação total a eles. Ao que eles precisam, à limpeza e ao carinho. Fazemos o possível para que dentro deste abrigo eles sintam o carinho que nunca sentiram."
Amor verdadeiro
"Quando os animais chegam dentro da nossa sede, o que a gente percebe neles é uma falta imensa de carinho, de amor e de compreensão. Porque muitos que chegam aqui nunca tiveram um lar. Cada animal que sai daqui curado, para uma adoção, nos emociona muito porque a gente tenta dar um tratamento muito especial a eles. Nosso maior desejo é que eles ganhem um amor verdadeiro."
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Saiba como contribuir ou adotar um cão da Aimpa
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Casal cuida de 433 cães em abrigo de animais em Imbé
A artista plástica Virna Alice Marciel e o técnico em transações imobiliárias Julio Puglia fundaram, há sete anos, a Associação Imbeense de Proteção aos Animais (Aimpa)
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