As fantasias de uma criança que vai estrear na escola versus a realidade de uma diretora cheia de desafios

A expectativa de uma criança que passou as últimas semanas imaginando o ambiente escolar e como será sua rotina a partir de agora se contrapõe à realidade bem menos cor-de-rosa de uma diretora que enfrentou graves problemas de infraestrutura para abrir a escola e que tem consciência do ano desafiador que está à sua espera.

Gabriela Viana de Oliveira, seis anos, frequentou a creche em duas oportunidades, mas só hoje viverá a primeira experiência da sua vida em um colégio, a Escola Estadual de Ensino Fundamental Porto Alegre, no Morro Santana, na Capital. Greissi Nogueira Amaral, 43 anos, assumiu neste ano a direção desta instituição. Com 22 anos de magistério, acredita estar vivendo um dos mais difíceis momentos da educação pública no Rio Grande do Sul.

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De um lado, uma menina que fantasia uma escola bonita e enfeitada, com oportunidades de brincadeiras dentro e fora da sala de aula. De outro, uma diretora à frente de uma escola que sofreu danos com o temporal e depredações, que sofre com infiltrações, vidros quebrados e falta de recursos para melhorias básicas.

Se depender da mobilização do Cpers/Sindicato, hoje pode nem ser o primeiro dia de aula da Gabriela. A entidade está orientando pais a não levarem filhos para escola devido ao Dia Nacional de Paralisação na Educação. Já a Secretaria Estadual da Educação pede o contrário.

"Minha sala de aula vai ser linda"

Gabriela Viana de Oliveira, seis anos, irá para a escola pela primeira vez na condição de aluna. Filha da atendente Solange Viana, 38 anos, e do motorista Lauri de Oliveira, 44 anos, a menina que mora no Bairro Mario Quintana, na Zona Norte, passou as últimas semanas imaginando a escola que a espera a partir de hoje.

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De tanto imaginar como será sua rotina, a menina já perdeu o medo do primeiro dia de aula. Diferente de todos os outros dias, não precisará ser acordada pela mãe para ir à escola de manhã cedinho. Ao invés da apreensão, estará faceira, garante ela.

A menina falante imagina que terá uma professora carinhosa e uma turma com poucos alunos, formada principalmente por meninas. Sonha com uma sala de aula cor de laranja e as paredes desenhadas com letras. Acha que as mesas e cadeiras serão pequenininhas, conforme a estrutura dos estudantes.


- Minha sala de aula vai ser linda. Vou adorar escrever, porque eu já sei escrever meu nome. Quero aprender a usar todas as letras. Imagino que a professora vai escrever no quadro uma letra e perguntar o que se escreve com ela.

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A cor rosa não só predomina a maioria dos itens do material escolar como também é o tom da imaginação de Gabriela. Além de ouvir a professora contar história, espera folhear livros coloridos e com figuras grandes.

- Adoro fazer de conta que estou lendo historinhas - confessa.

Gabriela não terá medo de ir ao banheiro sozinha porque imagina ele será cor de rosa, bonito e limpinho. O que ela irá encontrar, porém, é um ambiente pichado e depredado no período de férias. Na hora do recreio, já avisou que quer usar a pracinha:

- Gosto de escorregador, balanço e gira-gira, mas não de areia porque fico suja. Quero brincar de comidinha. Sou comportada, depois de brincar guardo todos os brinquedos.

Com tanta fantasia, o primeiro dia de aula será especial, acredita a mãe:

- Ela está muito empolgada, fica faceira arrumando os materiais. Ela só fala na escola nas últimas semanas, está muito ansiosa _ conta a mãe.

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Difícil situação da diretora Greissi

Da imaginação da menina Gabriela à realidade que a diretora Greissi Nogueira Amaral, 43 anos, há muito mais do que a previsível fantasia de uma criança. Antes do temporal do dia 29 de janeiro, que derrubou a cerca do terreno, quebrou vidros e destruiu a passarela que existe entre os dois prédios da escola, os banheiros e o refeitório foram depredados, ficaram imundos, até pratos foram quebrados.