Principal investigado pela morte de Odilaine Uglione, o médico Leandro Boldrini participa, nesta quarta-feira, da reconstituição do caso. À tarde, ele terá de contar, novamente, a sua versão do ocorrido. Depois, pela primeira vez, irá reproduzir o que aconteceu em 10 de fevereiro de 2010 dentro do consultório que mantinha (onde um disparo tirou a vida da então esposa).
Testemunhas se contradizem na reconstituição da morte de Odilaine
STF mantém prisão do pai do menino Bernardo
Boldrini está preso na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc) desde março de 2014, acusado de participar do assassinato do filho, Bernardo. Autorizada pela Justiça, a participação do cirurgião na reconstituição deve auxiliar a Polícia Civil a elucidar o envolvimento dele na morte de Odilaine.
Como na chamada Reprodução Simulada dos Fatos (RSF) cada pessoa tem de reproduzir a cena descrita, o cirurgião pode ter de caminhar pela Avenida Júlio de Castilhos (via pela qual testemunhas o viram sair correndo no dia da morte de Odilaine). Há expectativa de manifestações ao entorno do Centro Clínico São Mateus, onde ficava o consultório do médico, em função da presença de Leandro.
Outras seis testemunhas participam da reconstituição, realizada pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP), nesta quarta-feira. Entre elas, a secretária Andressa Wagner, apontada por perícia particular como autora da carta de suicídio assinada por Odilaine. Ela nega que tenha escrito o texto.
Para garantir a segurança dos trabalhos, a Brigada Militar (BM) bloqueou os arredores do prédio, e o edifício foi isolado. Na terça-feira, cinco testemunhas participaram da representação e se contradisseram. Não ficou claro se Boldrini deixou o consultório antes ou depois de ser ouvido o disparo que matou Odilaine.
A MORTE DE ODILAINE
- Odilaine Uglione morreu às 18h50min do dia 10 de fevereiro de 2010, no hospital de Três Passos, horas depois de supostamente atirar contra a própria cabeça, dentro do consultório do marido, o cirurgião Leandro Boldrini.
- Testemunhas viram Odilaine chegar nervosa e entrar na sala para esperar Boldrini.
- Conforme o relato de testemunhas à época, Boldrini saiu correndo da sala e um tiro foi ouvido. Outras testemunhas, no entanto, disseram primeiro ter ouvido tiro e depois, visto o médico sair da sala.
- A investigação da morte foi arquivada com a conclusão de suicídio.
- Depois que Bernardo Uglione Boldrini, filho de Odilaine e de Leandro, foi morto, em abril de 2014, e o pai e a madrasta surgiram como suspeitos do crime, a família de Odilaine passou a tentar reabrir o caso de 2010, sustentando a tese de homicídio.
- A Justiça negou os pedidos até que uma perícia particular indicou que a carta de despedida, encontrada na bolsa de Odilaine, não teria sido escrita por ela, mas sim por uma funcionária de Boldrini à época.
- Assim que o resultado da perícia particular foi tornado público, a funcionária registrou ocorrência por calúnia e forneceu material escrito para que a perícia oficial fizesse a comparação com a carta de suicídio. Essa perícia ainda está em andamento.
- Em maio, o Ministério Público se manifestou pela reabertura do caso e o pedido foi acatado pela Justiça.
- O delegado Marcelo Lech foi designado para conduzir a nova investigação sobre as circunstâncias da morte de Odilaine.