Desde que Eduardo Cunha colocou em funcionamento as engrenagens do impeachment da presidente Dilma Rousseff, o deputado estadual Ibsen Pinheiro (PMDB) passou a ser procurado por interlocutores interessados nos detalhes do processo que ele comandou em 1992 e que resultou na queda de Fernando Collor:
- Estou dando mais entrevistas agora do que no tempo do Collor.
Se estivesse no lugar de Cunha, Ibsen pensaria um pouco mais do que em 1992 antes de despachar favoravelmente a petição dos juristas Miguel Reale Jr. e Hélio Bicudo. A cautela de hoje não seria apenas pela diferença de peso dos signatários do pedido contra Collor, os presidentes da Ordem dos Advogados do Brasil, Marcello Lavenère, e da Associação Brasileira de Imprensa, Barbosa Lima Sobrinho:
- Eu não vejo clareza na configuração de crime de responsabilidade e no nexo causal entre a presidente que o praticou e o resultado. E o ambiente político popular também não é igual.
Aos 80 anos, dono de uma memória prodigiosa e conhecido pelas frases de efeito, Ibsen planeja escrever um livro. Ainda não sabe qual será a estrutura, mas escolheu o título: Os inocentes não têm cúmplices. É uma referência ao inferno que viveu depois de ter o mandato cassado, em 1994, com base em acusação falsa, divulgada pela revista Veja e corrigida só 10 anos depois.
Leia a entrevista a seguir:
Com a palavra
Ibsen Pinheiro: "Não há clareza de crime como havia no impeachment de Collor"
Rosane de Oliveira
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