O Nobel da Paz foi atribuído nesta sexta-feira ao quarteto do diálogo nacional na Tunísia por sua contribuição para a construção de uma democracia após a revolução de 2011 que deu impulso às revoltas árabes que se seguiram em vários países da região.
Relembre as datas-chave desde o levante que derrubou Zine el Abidine Ben Ali do poder.
- 2010-2011: A REVOLUÇÃO -
Em 17 de dezembro de 2010, um jovem vendedor de rua, Mohamed Buazizi, exasperado com a pobreza e a perseguição da polícia, ateia fogo em si mesmo em Sidi Buzid (centro-oeste), desencadeando um movimento de protesto contra o desemprego e o elevado custo de vida.
Buazizi morre em 4 de janeiro.
As manifestações, marcadas por tumultos sangrentos, espalham-se por todo o país.
Em 14 de janeiro de 2011, milhares de manifestantes, aos gritos de "Fora Ben Ali", reúnem-se em Túnis e nas províncias. Ben Ali, no poder por 23 anos, foge para a Arábia Saudita, tornando-se o primeiro líder de um país árabe a deixar o poder sob a pressão das ruas.
O levante termina com 338 mortos.
- 2011: ISLAMITAS VENCEM ELEIÇÃO -
Em 23 de outubro, o movimento islamita Ennahda, legalizado em março, conquista 89 dos 217 assentos da Assembleia Constituinte nas primeiras eleições livres da história do país.
Em dezembro, Moncef Marzuki, militante de esquerda e opositor de Ben Ali, é eleito chefe de Estado pela Constituinte. Hamadi Jebali, n°2 do Ennahda, é encarregado de formar um governo.
- 2012: ATAQUES ISLAMITAS -
Em junho e depois em agosto, manifestações violentas e ataques de grupos radicais islâmicos se multiplicam.
Em 14 de setembro, centenas de manifestantes denunciando um filme islamofóbico na internet atacam a embaixada dos Estados Unidos na capital tunisiana. Quatro mortos entre os atacantes.
A partir de 27 de novembro e até 1º de dezembro, ocorrem tumultos em Siliana, ao sudoeste de Tunis, fazendo 300 feridos.
Greves e manifestações, por vezes violentas, também afetam a indústria, os serviços públicos, como os transportes, e o comércio.
E como nos dias da revolução, são as áreas economicamente marginalizadas que cristalizam os conflitos.
- 2013: ASSASSINATO DE OPOSITORES -
Em 6 de fevereiro, o opositor anti-islâmita Chokri Belaid é morto em Tunis. Em 25 de julho, Mohamed Brahmi, opositor de esquerda, é assassinado perto da capital.
Os dois assassinatos, que causaram crises profundas, são reivindicados por jihadistas que se uniram ao grupo Estado Islâmico (EI).
Para tentar parar esses ataques, o principal sindicato do país, o patronato, a Liga dos Direitos Humanos e a Ordem dos Advogados lançam um "diálogo nacional" que salva o processo de transição democrática.
Em 29 de julho, oito soldados são brutalmente assassinados em uma emboscada na fronteira argelina, de onde um grupo armado ligado à Al-Qaeda foi expulso desde 2012. Segundo as autoridades, sessenta policiais e soldados foram mortos por jihadistas.
- 2014: PRIMEIRA ELEIÇÃO PRESIDENCIAL LIVRE -
Em 26 de janeiro, depois de meses de negociações, uma constituição é adotada. Um governo tecnocrata é formado e os islâmicos se retiram do poder.
Em 26 de outubro, o partido anti-islamita Nidaa Tunes de Beji Caid Essebsi vence as eleições legislativas (86 de 217 assentos da Assembleia), à frente do Ennahda.
Dois meses depois, Caid Essebsi vence a eleição presidencial contra Moncef Marzuki, tornando-se o primeiro chefe de Estado eleito democraticamente.
- 2015: CARNIFICINAS -
Em 18 de março, 21 turistas estrangeiros e um policial tunisiano são mortos em um ataque contra o Museu do Bardo em Tunis.
Em 26 de junho, um ataque contra o hotel Riu Imperial Marhaba em Port El Kantaui, perto de Susse, ao sul de Tunis, mata 38 pessoas, incluindo 30 britânicos.
O EI reivindica os dois ataques.
O estado de emergência é declarado em 4 de julho, antes de ser levantado em 02 de outubro.
- 2015: NOBEL DA PAZ -
09 de outubro: O Prêmio Nobel da Paz é atribuído ao Diálogo Nacional tunisiano.
* AFP