Com a frieza de quem exerce no governo federal o papel mais antipático em tempos de cintos apertados, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, jogou água gelada em algumas das fantasias mais caras aos gaúchos. A principal delas é um encontro de contas que não só livraria o Estado de pagar a parcela da dívida como poderia resultar em algum dinheiro extra.
Essa fantasia, alimentada há quase duas décadas, é apontada por deputados estaduais e federais, senadores, sindicalistas e até por setores do Judiciário como saída para a grave crise das finanças. Nessa conta, entra o lendário "dinheiro das estradas", recursos estaduais aplicados em rodovias federais no passado e do qual o Rio Grande do Sul se considera credor de um valor incerto.
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Há poucos dias, o ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha, que comandou a pasta dos Transportes no governo Fernando Henrique Cardoso, disse que esse débito simplesmente não existe porque em 2002 o então governador Olívio Dutra recebeu socorro federal para pagar os salários e deu quitação da tal dívida.
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Na audiência na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara, terça-feira, Levy foi apertado pelos parlamentares gaúchos, alguns em tom agressivo, outros em tom emocional, mas não se abalou. Ao contrário, de acordo com o depoimento de um dos espectadores, deu uma aula sobre as finanças do Rio Grande do Sul aos gaúchos. E endossou o discurso do governador José Ivo Sartori de que a situação das finanças piorou nos últimos quatro anos, quando as despesas cresceram acima da receita e os gastos com pessoal subiram de R$ 13 bilhões para R$ 19 bilhões.
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Apesar da resistência do ministro em reconhecer as pendências, técnicos da área econômica do Estado e da União vão discutir, na próxima semana, as demandas do RS. A reunião do grupo de trabalho será preparatória ao encontro de Sartori com Levy, no dia 15 de setembro.
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O governo do Rio Grande do Sul vai propor a suspensão consentida do pagamento da dívida até que seja regulamentada a lei que reduziu o juro e alterou o índice de reajuste do saldo devedor. Embora a lei não tenha impacto no valor da prestação, abre caminho para o Estado tomar novos empréstimos.
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Rosane de Oliveira: Levy joga água fria em fantasias de gaúchos
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Rosane de Oliveira
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