O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) abriu investigação contra a Volkswagen no Brasil para verificar se algum carro da montadora no país possui o mesmo software que alterou os motores a diesel da marca nos Estados Unidos, para torná-los mais eficientes durante testes de emissões de gases.
Segundo a autarquia, vinculada ao Ministério do Meio Ambiente, a empresa será notificada para prestar esclarecimentos. Caso a violação das regras brasileiras seja comprovada, o órgão informa que a companhia poderá ser multada em até R$ 50 milhões e será obrigada a corrigir o problema em todos os veículos que eventualmente possuam o equipamento.
A fraude envolvendo o software foi descoberta inicialmente nos Estados Unidos pela Agência de Proteção Ambiental (EPA, na sigla em inglês). O órgão americano afirmou que o equipamento teria sido instalado pela Volks nos modelos Beetle, Golf, Jetta e Passat, e pela Audi, no Audi A3, fabricados de 2009 a 2015. De acordo com a denúncia, o equipamento detectava quando os carros estavam sendo avaliados, ativava o controle de emissões de poluentes, que era desabilitado após os testes.
No Brasil, contudo, o único veículo da Volkswagen a diesel é a picape Amarok. Todos os outros modelos são movidos à gasolina ou a etanol. Para o Ibama, a fraude descoberta nos Estados Unidos é um "caso gravíssimo".
Procurada na tarde de sexta-feira pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, a assessoria de imprensa da Volkswagen informou que não tinha conhecimento da notificação. Nos Estados Unidos, a montadora assumiu a fraude e confessou que o software está instalado em aproximadamente 11 milhões de veículos em todo o mundo.
Ao assumir o erro, a empresa também anunciou que reservou 6,5 bilhões de euros para usar em ações que resolvam o problema. O escândalo levou à renúncia do presidente mundial da Volks, Martin Winterkorn. O executivo alega que não sabia da fraude, mas que abriu mão do cargo para deixar a montadora ter um novo começo.
O Inmetro, autarquia vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, informou que está "reunindo informações técnicas", "conhecendo detalhes" e monitorando as ações dos órgãos de fiscalização do Exterior para decidir se irá ou não investigar a Volks no Brasil. O órgão é responsável pelo Programa de Etiquetagem Veículo, que atesta a eficiência energética de carros vendidos no Brasil.
O teste, contudo, não contempla carros a diesel. "Como no Brasil ainda não há veículos de passeio movidos a diesel, o monitoramento das ações dos órgãos responsáveis no Exterior poderá ajudar o instituto a se antecipar a eventuais fraudes aqui no país", disse o Inmetro em nota.
Manipulação também foi realizada em caminhonetes da empresa, diz ministro alemão
Na sexta-feira, o ministro dos Transportes da Alemanha, Alexander Dobrindt, disse que a manipulação nos testes de emissões de poluentes também foi feita em caminhonetes da empresa, e não apenas em automóveis.
- Com base em nosso conhecimento, as caminhonetes, bem como os carros feitos pela Volkswagen, também foram afetados pela influência indevida de emissões nos motores a diesel - explicou.
O Ministério dos Transportes alemão começou nesta semana uma investigação especial sobre o escândalo das emissões da Volkswagen, que reduziu quase um terço do valor de mercado da empresa. A empresa divulgou nesta semana que o software foi instalado em até 11 milhões de carros, mas Dobrindt informou na quinta-feira que outros veículos na Europa também foram afetados.
Após especulações de que o escândalo também poderia ter afetado outras fabricantes de carros, a Daimler, que tem entre suas marcas a Mercedes-Benz, disse que não havia manipulado as emissões. "Um software que reduz as emissões de forma ilegítima durante os testes nunca foi e nunca será usado na Daimler. Isso vale para ambos os motores a diesel e a gasolina", comunicou a empresa.
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