No início da década de 1940, o vienense Stefan Zweig deixou a Áustria tomada pelo nazismo, refugiou-se no Brasil e cunhou a expressão que se tornaria célebre para designar nossa nação: "País do futuro". O mesmo Zweig, no verão de 1942, deprimido pelo que definiu como "longa noite" na sua Europa, tirou a própria vida, desesperançado.
A história de Zweig, que se tornara um dos maiores escritores do seu tempo após ter o primeiro texto publicado pelo editor Theodor Herzl em Viena, diz muito sobre o sentimento que tomava conta dos sírios Ghazwan al-Arab, um médico ortopedista de 35 anos, e Ahmad Kirouz, um farmacêutico de 33 anos, ao lamentar as imagens de conterrâneos que veem, pela TV e pela internet, em apuros na Europa.
Ao mesmo tempo, olham as ruas arborizadas que podem ser divisadas da janela do apartamento onde vivem em Porto Alegre. Não evitam o ar triste. Lamentam não poderem pôr os pés em Damasco e Aleppo, suas respectivas cidades na Síria natal.
Porto seguro
A história de quatro refugiados sírios que escolheram viver no RS
Brasil se consolida como o principal foco de refugiados na América Latina e um dos maiores em todo o mundo depois de decisão de órgão colegiado vinculado ao Ministério da Justiça ter facilitado a concessão de vistos
Léo Gerchmann
Enviar email