
Sinto uma leve vontade de matá-lo. Acompanho diariamente o que ele escreve no Facebook e, olha, considero-me um rapaz polido, um entusiasta do diálogo e dos princípios democráticos, só que o sujeito despeja tanta fúria e tanta mágoa, tanta raiva e tanto ódio contra a vida e contra o governo e contra a mídia e contra qualquer coisa, que, com todo o respeito, o que mais desejo neste momento é pegar sua cabeça pelos cabelos da nuca, quicá-la no teclado do computador, depois levantá-la e quicá-la de novo, levantá-la e quicá-la, levantá-la e quicá-la, blam, blam, BLAM, BLAM, BRLAMBSSSDKSKAAAAAAAAAAH, DESGRAÇADO, IDIOTA, CALA ESSA BOCA, CALA ESSA BOCAAAAAA!!!
Perdão.
É que, honestamente, não suporto gente braba. Aliás, um parêntese: é incrível como pessoas aparentemente pacatas viram demônios furibundos nas redes sociais.
Lembro de um senhorzinho de Quaraí, o seu Nilo, agricultor aposentado, um doce de pessoa. Certa feita, pegou sua sanfona e pediu para a filha ajudá-lo a gravar um vídeo e postar no YouTube. O velho nunca tinha usado a internet, então aquilo era um show de verdade para ele: cantou e tocou com alegria comovente, sentado na grama embaixo de um jacarandá ao lado da mulher, a dona Mirtes. Dois dias depois, veio o primeiro comentário no pé do vídeo: "Sai daih com ese lixo ô véio tá pensando q meu ouvido é pinico kkkk".
Seu Nilo ficou mal. Tinha se empenhado tanto. Logo veio o comentário seguinte: "Pior que o velho só essa velha sentada que nem um bezerro de perna gorda! hahaha". E as críticas prosseguiram, golpeando seu Nilo e dona Mirtes, dezenas de pessoas chamando os dois de "casal de véio louco", "cara de tartaruga", "vão cantar no asilo, seus gagá!".
Abalado por tanta agressão, seu Nilo pediu para a filha ensiná-lo a usar o computador, escreveu pela primeira vez na vida um palavrão e, desde lá, atravessa madrugadas com cara de assassino, destilando ira no Facebook e mandando todo mundo tomar naquele lugar. Acho triste.
Não sei como pode alguém tão polido, um entusiasta do diálogo como era o seu Nilo, deixar-se abater por uma bobagem, um ou outro comentário que lhe desagradou. Era um homem tão afável e virou um idiota.
Idiota como aquele que me irrita diariamente no Facebook. Dias atrás, em um post sobre maioridade penal, ele escreveu que "bandido tem mais é que morrer mesmo". Pelo amor de deus, é muita intolerância com o ser humano! Quem tem que morrer é esse babaca!
Não aguento mais todo esse ódio.
MEUS LEITORES
Neste espaço, o mestre Paulo Sant'Ana costuma publicar cartas de leitores sobre a coluna anterior. Mas, em tempos de redes sociais e repercussão imediata, os xingamentos chegam tão rápido que desta vez publicaremos comentários sobre o texto de hoje mesmo!**
Testo lixo raso e mau escrito, vc devia te vergonha!!!!!!
Itamó Brabão / Novo Hamburgo
Esses jornalista pt sem vegronha como a RBS deixa publicar uma idiotice deças deve estar ainda ganhando uma bera do financiamento da lava ajato kkkkk
Paula Namídia / Porto Alegre
Enrolou, enrolou, e quem foi até o fim viu que o idiota é o autor do texto.
July Eça Entendel / Rio Pardo
"Sinto uma leve vontade de matá-lo." Lamentável que um jornalista comece um texto com tal incitação à violência, em uma época em que já temos tantos problemas e que a segurança da população está entregue às traças. Como é que um veículo como Zero Hora abre espaço para alguém tão irresponsável que não percebe o quão grave é esse chamado à barbárie.
Peter Perfeito / Santa Maria
Se tem raiva é tudo culpa desse governo CORRUPTO, FORA MOLUSCO, DILMA FHC CUNHA E MAIS
Antonio Toniogro / Porto Alegre
**Obviamente, todos os comentários foram inventados. kkkk
*O colunista Paulo Sant'Ana, titular desta seção, encontra-se em tratamento de saúde.