Os alertas da previsão do tempo se cumpriram e o Rio Grande do Sul começou a semana sob muita chuva, concentrada em um curto espaço de tempo. Com acumulados que ultrapassaram a média mensal em menos de 12 horas, municípios da Região Metropolitana foram os que mais sofreram danos.
Todo o Estado permanece em alerta: vem mais chuva, com raios e vento forte, por aí. A Defesa Civil monitora o nível dos rios. A segunda-feira amanheceu com ruas e casas alagadas, sinaleiras desligadas e falta de luz em diversas cidades.
Novo Hamburgo, no Vale do Sinos, foi uma mais afetadas. Cerca de 400 residências foram invadidas pela água. Nem todas as famílias tiveram de ser levadas para abrigos. Boa parte foi para a casa de parentes, esperando a água baixar, e outros precisaram lidar com a sujeira no pátio e arredores. Cerca de 20 casas que foram destelhadas no município. Os bairros mais atingidos foram Canudos, Imigrante e Santo Afonso, onde foi difícil trafegar na manhã desta segunda-feira.
Na vizinha São Leopoldo, pelo menos 12 bairros registraram pontos de alagamento - em todos eles, casas foram alagadas. O muro de oito metros de uma casa desabou e atingiu seis carros. Ninguém ficou ferido. Na residência de Tânia Mercaus, 54 anos, no bairro Vicentina, todos os cômodos foram atingidos. A água começou a entrar às 7h e, por volta das 14h, ainda batia no joelho.
- A água sempre invade quando chove muito, mas dessa vez foi demais, perdi quase tudo - lamentava a auxiliar de serviços gerais ao lado do filho Jefferson.
Já Rolante, no Vale do Paranhana, chegou a ficar ilhada devido à interdição do único acesso ao município, pela ERS-239. Outros pontos da rodovia também estavam no limite de serem invadidos por arroios que passam pela região. Três bairros foram alagados pela chuvarada e os Bombeiros Voluntários estimaram que mais de 200 famílias tiveram que sair de casa. Até mesmo os moradores do lar de idosos foram remanejados para escolas que se transformaram em abrigo. As duas principais ruas da cidade foram interrompidas e a prefeitura, interditada.
Em Marau, no norte do Estado, 15 casas foram destelhadas devido ao temporal que atingiu a cidade, por volta das 18h. Ninguém ficou ferido. Os bombeiros auxiliaram moradores no fornecimento de lonas para a cobertura das residências. Ainda, segundo os bombeiros, houve queda de duas árvores - na ERS-224 e em uma estrada secundária - e de dois postes de energia.
Em Porto Alegre, a principal região afetada foi a Zona Norte. Mas os alagamentos se espalharam, de forma alternada, por muitos pontos da cidade, assim como as falhas nos semáforos. Além disso, a chuva abriu uma cratera no talude do Arroio Dilúvio em frente ao Palácio da Polícia, na Avenida Ipiranga. A erosão atingiu ainda a borda da ciclovia, que está interditada em um trecho de 15 metros, e uma árvore desabou.
Veja o mapa atualizado com os efeitos da chuva no RS:
Seis estudantes e uma professora levaram um susto no interior de Taquara, também no Vale do Paranhana. O grupo se deslocava em um ônibus escolar que não conseguiu vencer a passagem por uma área alagada e teve de ser socorrido de barco pelo Corpo de Bombeiros da cidade. A água chegou a 50 centímetros dentro do coletivo.
- Duas meninas estavam mais assustadas porque a água estava subindo - conta o comandante do Corpo de Bombeiros da região de Taquara, capitão Deuclides da Rosa.
O grupo foi levado em um caminhão da corporação até a escola, onde os estudantes aguardaram seus pais para retornar para casa. No município, oito escolas municipais cancelaram as aulas em função do temporal.
Em outras três cidades - Igrejinha, Montenegro e Rolante - as prefeituras tomaram a mesma atitude, já que a água inundou as escolas ou bloqueou as estradas.
Ao longo do dia, mais de 140 mil consumidores ficaram sem energia elétrica. No início da noite desta segunda-feira, 11 mil clientes da RGE permaneciam sem abastecimento, nas regiões de Taquara, Nova Prata, Três Passos, Frederico Westphalen e Palmeira das Missões.
* Zero Hora