O retorno de Cuba à Organização dos Estados Americanos (OEA) em sua conferência de chefes de Estado, a Cúpula das Américas, é o fato mais relevante do século 21 no continente.
Com o aperto de mãos - el apretón, na língua cervantina - entre os presidentes Barack Obama e Raúl Castro, na Cidade do Panamá, fica mais próxima a solução de um dos mais antigos contenciosos entre Washington e seus vizinhos do sul. Afinal, durante sucessivas cúpulas, presidentes latino-americanos de matizes e tendências variados, do brasileiro Fernando Henrique Cardoso ao venezuelano Hugo Chávez, cobraram a readmissão da ilha caribenha à comunidade continental.
Obama sabe muito bem o que está fazendo. Interessa-lhe o reatamento das relações comerciais com Havana no momento em que a China, sua grande dor de cabeça estratégica, insinua-se como um dos mais importantes parceiros da América do Sul, habilitando-se até mesmo a realizar o velho sonho americano de um canal entre o Atlântico e o Pacífico na Nicarágua.
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Nada melhor para contrarrestar o dragão chinês do que a abertura em relação ao único país do hemisfério com o qual os EUA não têm relações diplomáticas. Além disso, o presidente americano está de olho no voto da comunidade imigrante da América Latina - tão decisivo na eleição de 2016 que até o candidato republicano Jeb Bush fez questão de se definir como "hispânico" ao se cadastrar como eleitor.
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Luiz Antônio Araujo
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