Não chega a ser surpresa a informação de que os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha, e do Senado, Renan Calheiros, estão na lista de políticos que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, quer investigar com autorização do Supremo Tribunal Federal. Desde o final do ano passado essa possibilidade era especulada. Surpresa seria os dois ficarem fora da lista.
As consequências da inclusão de dois dos principais líderes do PMDB na lista do procurador só poderão ser medidas nos próximos dias, quando for levantado o sigilo da investigação. Será preciso saber o que pesa contra os dois para responder à pergunta que está na cabeça de políticos e analistas: Cunha e Renan têm condições de continuar na presidência da Câmara e do Senado?
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Em um país menos tolerante com a corrupção, a abertura de um processo de investigação de possível envolvimento em desvio de recursos públicos seria suficiente para que se afastassem dos cargos. Cunha é o segundo na linha de sucessão da presidente Dilma Rousseff, e Renan, o terceiro. Como Dilma também está desgastada com a Operação Lava-Jato, a percepção generalizada é de uma crise de credibilidade que afeta as principais figuras da República.
A lista tem 28 pedidos de abertura de inquérito e sete de arquivamento, relacionados a 54 pessoas. O Supremo só precisa autorizar a abertura de investigação para os detentores de mandato. Quem já foi presidente, deputado ou senador pode ser investigado sem autorização dos ministros do Supremo.
A expectativa agora é de que o ministro Teori Zavascki levante o sigilo da investigação para que o Brasil saiba, com toda a transparência, quem - e por que - entrou na lista de Janot. O processo está apenas no início, mas já está claro que será mais bombástico do que o do mensalão.
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