Qual sua avaliação dos protestos e qual o significado das manifestações?
Fiquei estupefato, não esperava esse volume. Para mim, esse é protesto do homem comum, da classe média, que muitos filósofos da USP acham que devia ser fuzilada. É um protesto contra um fuzilamento. O que está acontecendo, há mais de 12 anos, é o roubo de nosso dinheiro, que está indo para um partido com projeto de esquerdização da América Latina, junto com uma Venezuela que está falida, com uma Bolívia falida e uma Argentina falida.
Que consequências pode ter?
Não tenho menor ideia mas, para mim, este governo acabou. Este governo tem ganhar a confiança do povo. Não sei como vai fazer isso com uma presidenta que foi eleita por 300 mil votos (de diferença), diante de manifestações que ultrapassaram 500 mil. As manifestações não têm objetivo político, de querer o PSDB. São contra a pornografia da corrupção. Ter uma empresa como a Petrobras, que todo mundo ama no Brasil e respeita, ser vilipendiada por um partido político junto com empresários.
Como o governo deve reagir?
Essa senhora, do meu ponto de vista, é totalmente imprevisível. As reações normais não fazem parte da personalidade dela. Ela tinha de responder, e não mandar dois ministros, um que não é nem conhecido.
O pacote contra a corrupção satisfaz as reivindicações?
Tem de ver o pacote. Sou um homem de bom-senso, estou indignado, mas a indignação não me cortou a racionalidade.
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A legitimidade do governo fica comprometida?
Está por um fio.
Qual é o papel da oposição?
Uma que diz que é favorável as manifestações mas não aparece é uma oposição complicada. Espero que tenha disposição para dizer alguma coisa mais firme.
Entrevista
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