Poucos têm tantos motivos para acreditar no poder da internet como o australiano Julian Assange, 43 anos. Fundador do site WikiLeaks, responsável pelos maiores danos à diplomacia secreta desde a I Guerra Mundial com a divulgação de documentos confidenciais dos Estados Unidos, ele vive há quase três anos num escritório convertido em apartamento na embaixada do Equador, em Londres. É lá que trabalha, recebe amigos - entre eles, a cantora Lady Gaga, a estilista Vivienne Westwood e o diretor de cinema Oliver Stone - e participa de atividades e debates via teleconferência no mundo inteiro.
Sua mais recente investida é Quando o Google Encontrou o WikiLeaks, relato de seu encontro com o presidente executivo do Google, Eric Schmidt, em 2011, na Grã-Bretanha. Na visão de Assange, a megacorporação presidida por Schmidt tornou-se uma espécie de CIA do Vale do Silício, vigiando o ciberespaço a serviço do governo americano.
Em entrevista por e-mail a Zero Hora, entre domingo e quinta-feira, o arquiteto dos vazamentos do século avaliou o papel histórico do WikiLeaks.
O senhor promoveu o maior vazamento de documentos diplomáticos confidenciais desde que o acordo franco-britânico para partilha do Império Otomano foi parar nas capas dos jornais em 1917. Naquela época, como hoje, houve indignação, mas, de fato, pouca coisa mudou. O senhor acredita que teve sucesso?
Essa tese de que "muito pouco mudou" é simplesmente impossível de ser sustentada. Ela é amplamente desmentida pelas evidências. Foi posta em circulação, em largas quantidades, pelos apologistas do governo americano, como forma de desviar atenção de nossas publicações. Ao mesmo tempo, as mesmas pessoas estavam fazendo avaliações catastróficas sobre as consequências de nossas publicações para a segurança nacional. E então eles se contradizem com suas próprias palavras. É fácil desmenti-los. Quais são os parâmetros de mudança aqui? Nada mudou desde 2010? Se as coisas mudaram nos últimos quatro anos, quanto disso foi por nossa causa? O que se deseja é apenas "mudança", ou resultados benéficos particulares? Se você se refere à última opção, nossas publicações têm muito a dizer em sua defesa.
Com a palavra
Julian Assange: "Superpotências não têm sempre a palavra final"
Fundador do site WikiLeaks, responsável pelos maiores danos à diplomacia secreta desde a I Guerra Mundial, avaliou o papel histórico dos vazamentos em entrevista à ZH
Luiz Antônio Araujo
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