Segundo testemunhas, os homens carregavam fuzis Kalashnikov e um lança-foguetes quando invadiram a redação do Charlie Hebdo. Os autores gritaram "Vingamos o profeta!", em referência a Maomé - alvo de charges publicadas há alguns anos pela revista. O episódio provocou revolta no mundo muçulmano.
A autoria do atentado não foi reivindicada por nenhum grupo. Porém, os atiradores pareciam seguir orientações, sobretudo do grupo Estado Islâmico (EI). A França está envolvida na campanha militar internacional contra o EI no Iraque.
- Observamos claramente pela maneira que portam suas armas e agem discretamente, bem ao estilo militar, com frieza, que eles receberam treinamento. Eles não agiram por impulso - afirmou um oficial. - O mais impressionante é a sua atitude. Eles foram treinados na Síria, no Iraque ou em outro lugar, talvez até mesmo na França, mas o certo é que eles foram treinados - enfatizou.
Um dos três suspeitos do ataque ao jornal Charlie Hebdo - o mais mortífero atentado desde 1961 na França -, o jovem Hamyd Murad, 18 anos, se entregou à polícia na madrugada desta quinta-feira. Os outros dois suspeitos, os irmãos franceses nascidos em Paris Said Kuachi, 34, e Cherif Kuachi, 32, um jihadista conhecido pelos serviços antiterroristas, seguem foragidos.
Hamyd, que é cunhado de Cherif, se entregou à polícia na cidade de Charleville-Mézières "ao ver que seu nome circulava nas redes sociais". O francês Cherif Kuachi, procurado com o irmão Said, é um jihadista conhecido pelos serviços antiterroristas franceses. Em 2008, ele foi condenado por participar de uma rede de recrutamento de combatentes para o Iraque. Kuachi integrava a chamada "rede de Buttes-Chaumont", encarregada de enviar jihadistas para combater no braço iraquiano da Al-Qaeda.
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Detido pouco antes de viajar à Síria, Cherif foi julgado em 2008 e condenado a três anos de prisão. Dois meses depois, seu nome apareceu em um plano de fuga da prisão do combatente islâmico Smain Ait Ali Belkacem, membro do Grupo Islâmico Armado Argelino (GIA) - condenado em 2002 à prisão perpétua pelo atentado que deixou 30 feridos na estação Museu de Orsay de Paris, em outubro de 1995. Kuachi ainda era suspeito de ser ligado a outra figura do islã radical francês, Djamel Beghal, que cumpriu dez anos de prisão por preparar atentados, com quem teria treinado.
Sete suspeitos são detidos
A polícia deteve sete pessoas ligadas aos três suspeitos durante a madrugada. Uma grande operação foi realizada na cidade de Reims, no nordeste da França. Segundo o jornal Le Monde, a caçada aos suspeitos envolve mais de três mil policiais. Um policial confirmou que os irmãos estão "fortemente armados". O trio teria sido identificado por uma carteira de identidade encontrada no veículo abandonado após o ataque à redação do semanário.
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* AFP