Faltando menos de duas semanas para o dia 27 de janeiro, data em que a tragédia da boate Kiss completa dois anos, uma homenagem tem sido alvo de polêmica e divide opiniões nas redes sociais. Uma casa noturna, junto com um grupo de familiares de vítimas, organizou uma festa para lembrar as vítimas do incêndio. A metade do valor arrecadado na venda de ingressos será doado para uma instituição beneficente.
Nas publicações do evento no Facebook, pessoas classificam a celebração como uma iniciativa descabida, enquanto outras parabenizam a ideia. A festa I Love Funk - White Peace, no Muzeo Pub, tem a proposta de "fazer Santa Maria voltar a sorrir", como postou o proprietário do estabelecimento, Marcelo Guidolin, no evento criado na rede social. Além disso, a festa também pretende conscientizar os jovens sobre segurança nas casas noturnas.
Uma das sobreviventes da tragédia, Jéssica Montardo Rosado, irmã de Vinícius Montardo Rosado, que morreu na Kiss, ajuda na organização e na divulgação do evento. Ela é integrante da associação Ahh Muleke!, que apoia a festa na boate.
- Desde que participamos de um projeto, o Balada Segura, que também foi no Muzeo, temos conversado com o proprietário. Outro dia ele perguntou se eu concordava com a ideia de a boate abrir no dia 27 e eu disse que, se fosse uma festa diferente, eu apoiaria. Sempre haverá opiniões contra e a favor, mas não vou julgar quem critica - diz Jéssica.
O integrante do Movimento Santa Maria do Luto à Luta, Flávio José da Silva, diz não ser contra nem a favor do evento.
- A gente também faz coisas que os outros criticam, então, não vou julgar. Cada um faz o tipo de homenagem que acha que deve ser feita.
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A psicóloga clínica Clarice Dorotea de Lima Dutra dos Santos explica que cada pessoa tem uma forma diferente de manifestar e elaborar o sofrimento. Enquanto alguns se revoltam e protestam, outros preferem lembrar dos que se foram com festas e celebrações.
- As pessoas não elaboram o sofrimento de uma só forma. Não somos iguais no sentimento. Ainda não há um memorial para que possam ser feitas homenagens, nem responsabilização judicial. Então, as pessoas organizam outras formas de chamar atenção, para que a tragédia não se repita. Não é momento de intolerância. Cabe às pessoas apoiarem e abraçarem umas às outras. Assim como outros grupos vão à praça, este grupo está tentando de um jeito diferente - pondera a psicóloga.
Dois anos depois
Festa em casa noturna em Santa Maria, no dia 27 de janeiro, divide opiniões
Enquanto internautas classificam como "sem noção", outros parabenizam a iniciativa
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