O número de mortes por afogamentos em 2014 preocupa o Corpo de Bombeiros no Rio Grande do Sul. Um levantamento feito pela corporação mostra que, desde o início do ano, 112 pessoas morreram afogadas em rios, lagos, lagoas, açudes, piscinas e no mar em todo o estado. É como se uma pessoa morresse afogada a cada três dias no Rio Grande do Sul. A maioria das vítimas são crianças, com idade entre 10 e 14 anos.
Na ingrata conta do Corpo de Bombeiros está Leonardo Galarcia, de 10 anos. Ele morreu afogado na tarde deste domingo, quando tomava banho em um açude no interior de Santo Ângelo. Uma outra criança de 11 anos está desaparecida em Santa Maria. Ela também sumiu no domingo nas águas de um açude no Balneário Passo Verde e ainda não foi encontrada.
Além deles, Jonathan Ferreira Ferraz, de 21 anos, morreu afogado em um rio na cidade de Dois Irmãos. Jonathan faz parte do outro grupo etário com maior número de mortos no Rio Grande do Sul: o de jovens entre 17 e 25 anos. No final de semana passado, foram registrados cinco afogamentos no interior do estado.
O que preocupa o Corpo de Bombeiros é a ocorrência dos afogamentos em áreas particulares, onde não há a cobertura de salva-vidas. Os rios, por exemplo, concentram o maior número de mortes, foram 48 até agora. Pela ordem, os açudes, lagoas, lagos e piscinas são os locais mais perigosos, principalmente para crianças. As mortes no mar representam o menor número. Foram 10 em 2014, oito fora da temporada de Verão.
O responsável pelo treinamento dos salva-vidas, Capitão Cláudio Moraes Soares Júnior, afirma que, apesar de alto, o número de afogamentos se mantém constante ao longo dos anos, com um acréscimo nos dias de maior calor, como aconteceu no último domingo. Ele admite que não há como controlar o acesso aos açudes e rios, mas pede atenção por parte dos banhistas. “O ideal é evitar as áreas sem salva-vidas. Se isso foi difícil, em função do forte calor, é preciso tomar alguns cuidados, como evitar nadar sozinho ou em áreas desconhecidas”, recomenda
Cuidados ao tomar banho em rios e açudes
- Evite nadar sozinho em rios, lagos ou açudes onde não há serviço de salvamento;
- Ao visitar pela primeira vez uma área, procure conhecer com antecedência as características das águas, como profundidade, correnteza e presença de pedras;
- Em grupos, não consuma bebida alcoólica ou comida em excesso antes de entrar na água;
- Se não for possível evitar o banho, em função do calor, fique próximo às margens e não nade para o meio do rio ou açude;
- Não utilize flutuadores improvisados, como câmaras de pneus ou tampas de isopor para brincar na água. A correnteza pode afastar o banhista da margem e provocar pânico.
Operação Golfinho
Com a chegada do Verão, começam os treinamentos para a 45ª Operação Golfinho no Rio Grande do Sul. Nesse ano, a ação especial começa no dia 20 dezembro e vai até a primeira semana de março. A concentração do efetivo de bombeiros e policiais militares acontece em mais de 90 balneários do Litoral Norte, Litoral Sul e águas internas do estado. Haverá reforço no trabalho de salva-vidas, bombeiros e dos policiamentos ostensivo, rodoviário, ambiental, fazendário e aéreo.
Os treinamentos dos oficiais e voluntários que participam da ação começam no dia 03 de novembro. Os detalhes da operação, como número de envolvidos e concentração do efetivo ainda dependem das negociações que evolvem a mudança do governo estadual. No primeiro final de semana de novembro, no entanto, já haverá salva-vidas atuando em guaritas das praias mais movimentadas, como Capão da Canoa, Tramandaí e Torres.
No ano de 2013/2014, a Operação Golfinho registrou 1.394 salvamentos no mar e em águas interiores, nos locais cobertos pelos salva-vidas. O número representa uma redução de 27% em relação ao ano anterior, quando foram realizados 1.910 resgates. Duas pessoas morreram afogadas durante a temporada no Litoral Norte.
Ouça dicas do major Cláudio Moraes, do Corpo de Bombeiros de Osório