- Nem adianta esperar que não vai ter ônibus.
A frase de um homem ao passar em frente à parada da Carris resume a perplexidade de trabalhadores da capital mais uma vez pegos pela greve total dos rodoviários.
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Mesmo com a sinalização de que os ônibus funcionariam com 50% da frota nesta sexta-feira, nenhum veículo foi para a rua. Os grevistas bloquearam as saídas de todas as empresas desde a madrugada. Uma assembleia no fim da tarde pode definir o rumo da paralisação. Até lá, garantem: nada de ônibus.
- Dá vontade de chorar de raiva. Ninguém tem R$ 4 todo dia para pegar lotação - reclamava a auxiliar de serviços gerais Aline Beatriz Batista Leão, moradora da vila Bom Jesus.
Aline trabalha na escola Santa Cecília e leva o filho Otávio, seis anos, junto nas férias. Ele participa de atividades de um projeto de verão do colégio enquanto a mãe faz o serviço.
Alternativas
Sem dinheiro, uma alternativa é caminhar. O construtor João Paulo Bueno Soares, 58 anos, já havia feito isso na terça-feira, quando foi a pé do Morro da Cruz até o bairro Bela Vista. Um périplo de duas horas.
- Mas hoje não vou. Ainda por cima tenho problema na perna. Vou esperar o escritório abrir e decidir o que faço.
Já Ubirajara Rogério Lisboa da Rocha decidiu caminhar desde a avenida Protásio Alves, próximo à Rua Teixeira Mendes, até a obra onde trabalha, na avenida Goethe.
A cuidadora Yasmin França saiu às 4h de Viamão e, por volta das 7h, esperava em vão na parada da Carris. Já estava atrasada em busca de um T9.
- A semana foi horrível. Ontem não trabalhei, mas hoje me disseram que teria ônibus. E é a gente que paga por isso - desabafa.
Ainda sem transporte
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