Incêndio atinge Mercado Público de Porto AlegreVídeo: Incêndio atinge Mercado Público de Porto Alegre
O plantão de sábado, dia 6 de julho, foi tranquilo até o início da noite, sem grandes acontecimentos. Poucos minutos antes da 21h, quando grande parte da equipe se preparava para ir embora, o telefone da Rádio Gaúcha tocou. Era a chefe de reportagem Andressa Xavier alertando que muitos caminhões de bombeiros passavam em direção ao Centro da cidade. Imediatamente, liguei para a corporação, que me confirmou "incêndio de grandes proporções no Mercado Público".
Eu era a única repórter de plantão na redação e no mesmo instante peguei meu bloco, caneta e celular e corri pedir um carro para me deslocar até lá. O comentarista de arbitragem da Rádio Gaúcha, Diori Vasconcellos também estava na redação e se ofereceu para ajudar. A imagem do Mercado em chamas ainda invade minha mente cada vez que passo por lá. Era muito triste. Ninguém sabia confirmar se havia vítimas e isso era o que mais nos preocupava.
“ A multidão que se reuniu ao redor para ver o que estava acontecendo gritava pedindo por mais agilidade para apagar as chamas”
Mas era preciso deixar a emoção de lado para relatar com precisão os fatos aos nossos ouvintes. O fogo teve início na esquina da Borges de Medeiros com a Júlio de Castilhos. Ao chegar no local, o Diori ficou concentrado na parte da Borges e eu fui para a Júlio de Castilhos. Não era possível ver se o fogo atingia a parte de baixo do mercado, mas na parte de cima, as chamas se alastravam rapidamente. Depois de cerca de 20 minutos no local uma boa notícia:ninguém havia se ferido. Com a notícia do incêndio, a programação esportiva deu lugar a cobertura do fato. Os colegas Daniel Scola, Felipe Chemale, Babiana Mugnol, Rafael Colling e Andressa Xavier se juntaram a nós.
O desespero dos bombeiros na tentativa de controlar o fogo era visível. A cada minuto era possível ver uma nova viatura chegando, mas a impressão que se tinha era de que o equipamento e o número do efetivo não era suficiente, já que o fogo demorava a ser controlado. A multidão que se reuniu ao redor para ver o que estava acontecendo gritava pedindo por mais agilidade para apagar as chamas.
No meio da minha cobertura, prestes a entrar no ar, fui pega de surpresa por um bombeiro que passou rapidamente por mim e viu que eu estava com dois celulares na mão. De imediato, ele me pediu para ajudá-lo e em um ato desesperado me tomou um dos aparelhos da mão e começou a ligar. Ele não conseguiu desbloquear meu celular e então gritou. 'Me ajuda, liga para o 190, preciso pedir mais reforço'. Ele então conseguiu falar e pedir mais equipes da região metropolitana. Eu fiquei completamente pasma com o que acabara de presenciar. Então perguntei: por que o reforço? Vocês não estão conseguindo controlar as chamas? Ele parou e me olhou: 'Claro que não, falta gente e equipamento, só temos uma escada magirus quando precisaríamos de pelo menos três'. Ele então saiu correndo para se unir a equipe. Imediatamente eu relatei a situação aos ouvintes da Rádio Gaucha.
Quando as autoridades começaram a chegar no local a repórter Sara Bodowsky, que fazia a cobertura para a TVCOM relatou ao Secretário de Segurança Pública do Estado, Airton Michels, o fato de uma repórter ter tido que emprestar o celular para um bombeiro pedir reforço. A reação imediata do secretário foi dizer que aquilo era 'surreal'. O tema virou, quatro dias depois, tema da coluna da escritora Cíntia Moscovich, na página 2 de Zero Hora com o titulo 'Mentiras, sulrrealismo e telefones celulares'.
Foi uma noite longa, mas com um final quase que feliz, o estrago havia sido bem menor do que imaginamos. Apenas os restaurantes da parte de cima haviam sido atingidos e em pouco tempo seria possível reabrir o nosso querido Mercado. E o mais importante de tudo, ninguém ficou ferido.
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