
O secretário da Saúde de Porto Alegre explicou nesta sexta-feira (5) as razões, classificadas por ele como "éticas", para não retomar o convênio para atendimentos SUS com o Hospital Petrópolis, especializado em doenças dos olhos. O convênio foi rompido em 2011. Segundo o secretário, teriam sido apontadas irregularidades em procedimentos cirúrgicos, entre 2010 e 2011.
- Eles colocavam lentes intraoculares rígidas nos pacientes, mas cobravam por flexíveis. Em alguns pacientes, há a suspeita de que eles cobraram sem colocar lente nenhuma - afirmou o secretário.
O secretário diz que o caso é investigado pela Polícia Federal. O hospital afirma ter interesse em retomar o convênio, mas Casartelli alega que não se trata apenas de aspectos financeiros. Além disso, o secretário diz que uma auditoria da pasta confirmou outras supostas irregularidades.
- Tem um processo, de uma denúncia que recebemos, sobre falsificação de etiquetas de materiais tipo órtese e prótese. Elas vêm junto quando se compra o produto. Temos, inclusive, o nome da gráfica que falsificava essas etiquetas - disse Casartelli.
O diretor médico do hospital afirma que as alegações do secretário são novas. Carlos Eugênio Del Arroyo garante que nunca ouviu nada a respeito, nem oficialmente, nem extraoficialmente, diretamente do secretário.
- Eu não acredito que o secretário tenha dito isso. Até ontem (quinta-feira), ele nunca disse, nunca deu nenhum dado. Não nos dá o direito à defesa, assegurado a todo cidadão e instituição, porque ele nunca apontou nada - declarou o diretor médico.
Segundo o diretor, a Secretaria requisitou faturas para o pagamento de procedimentos eletivos e de emergência via SUS realizados entre 2010 e 2011, no valor total de cerca de R$ 1 milhão. Os recursos, até hoje, não foram repassados ao hospital. O diretor diz que nunca soube de auditoria alguma da Secretaria Municipal da Saúde e manifesta surpresa com a alegação envolvendo troca de lentes e falsificações.
- Isso aí eu não sei, não tenho nem ideia. Nunca foi colocado nada, isso é coisa nova. Foram mil procedimentos pelo SUS por mês. Não teríamos nem capacidade nem tempo de nos preocupar com alguma coisa desse gênero - rebateu Carlos Eugênio Del Arroyo.
O Hospital Petrópolis tem cem leitos e cinco salas cirúrgicas ociosos desde o final do convênio. A instituição diz lamentar o fato, já que a rede hospitalar da Grande Porto Alegre têm déficit superior a mil leitos. Procurada pela reportagem, a Polícia Federal não informou se há investigações referentes ao hospital. Já a Secretaria Municipal da Saúde disse que a sindicância tem por base uma consulta a 2,8 mil faturas de pagamentos, referentes a procedimentos de oftalmologia realizados via SUS entre 2010 e 2011.