Ainda resta um bom caminho a ser percorrido, mas o mercado de trabalho já começou a diminuir a cara feia para aqueles que fazem parte de sua formação à distância. Segundo Flávia Lemos Pereira, diretora de Sistema de Remuneração da Associação Brasileira de Recursos Humanos, seccional do Rio Grande do Sul (ABRH-RS), esses profissionais já estão sendo bem aceitos por empresas modernas, geralmente ligadas à tecnologia.
- É só questão de tempo até vermos no mercado muitos profissionais formados à distância - diz ela.
Em sua experiência no recrutamento de pessoas, Flávia nunca viu uma empresa que tenha feito restrições a candidatos com formação EAD.
- O que muda é a credibilidade da instituição. Isso pesa muito mais do que a modalidade de ensino - constata Flávia.
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Sobre o que diferencia um candidato formado presencialmente e outro que tenha feito a graduação à distância, Flávia sugere as competências. Ou seja, existem vagas que se encaixam melhor para um ou outro profissional, tendo em vista as competências técnicas específicas aprendidas. Como exemplo das capacidades geralmente melhor desenvolvidas por aqueles com formação EAD, Flávia cita a capacidade de planejamento, o senso de organização, a proatividade e o manejo do tempo.
- A chegada dessas pessoas ao mercado está começando a acontecer. Como os cursos são recentes, o boom ainda não aconteceu.
Coordenadora-geral de Regulação da Educação Superior à Distância do Ministério da Educação (MEC), Cleunice Rehem, faz coro com Flávia. Ela destaca que o estudante à distância tem características que o mercado busca: facilidade em manter o foco, gosto pela leitura e autonomia.
Luís Testa, diretor de marketing da empresa de recrutamento online Catho, chama a atenção para uma questão: as empresas que deixam de lado os currículos de candidatos formados à distância podem estar perdendo bons profissionais.
- São pessoas que tiveram a iniciativa de buscar se diferenciar por meio da modalidade com maior aderência a sua situação - salienta ele, enfatizando que a iniciativa desses profissionais de ir atrás de uma formação deve ser valorizada.
Carreira planejada
Alessandro Valério Dias, 39 anos, é uma daquelas pessoas que planejam sua formação pensando longe, na carreira que querem ter. Com duas graduações presenciais no currículo - Ciências da Computação e Psicologia -, ele pensou em uma forma de unir as duas áreas: fez uma especialização em Informática na Educação à Distância, pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). E a modalidade do curso não poderia ser outra: à distância.
- Meu trabalho de conclusão reuniu a psicologia, a informática e a EAD: "Avaliação de Aspectos Emocionais e Qualidade de Vida de Usuários de Ambientes de Aprendizagem à Distância" - conta Dias.
Além disso, para aperfeiçoar ainda mais o currículo, ele fez um curso de extensão em Capacitação de Professores em EAD.
- A educação à distância é uma outra maneira de olhar para a educação. É uma oportunidade de as pessoas se capacitarem - defende ele.
Hoje, Dias é professor no Ensino Superior, nas Faculdades QI, em disciplinas presenciais e também na modalidade EAD.
- Eu posso dar dicas para os meus alunos justamente porque já estive na posição deles, já fui estudante à distância.
Dias conta que não encontrou nenhum preconceito ao procurar uma colocação como professor, muito pelo contrário. O empregador se interessou justamente por ele ter em sua formação cursos à distância.
- Pela minha experiência pessoal, eu tinha mais o que dar aos meus futuros alunos.
Fica a dica
Não há nada escrito em um diploma que diga se a formação foi presencial ou EAD, mas os entrevistadores costumam perguntar. Por isso, esteja preparado para responder a todas as questões sobre seu curso e falar sobre a seriedade da instituição.