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Está enganado quem pensa que, ao escolher um curso à distância, poderá dedicar menos tempo aos estudos. Optar por essa modalidade dá, sim, maior flexibilidade de horário para o estudante, mas não exige menos dele.
Não é preciso necessariamente nascer sabendo como ser um aluno à distância, pode-se aprender a sê-lo. A secretária de Educação à Distância da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Mára Lúcia Fernandes Carneiro, conta que uma das disciplinas que ela ministra nos cursos EAD da universidade tem justamente o objetivo de ensinar os alunos a se adaptarem ao modelo. Na Instrumentalização para o Ensino à Distância, os estudantes aprendem a usar o ambiente virtual e a fugir do esquema natural de navegação da internet, que leva de um link a outro. É geralmente neste momento que Mara ensina seu mantra: "É preciso saber ler, ler tudo e ler até o fim". Isso significa que o aluno não deve passar os olhos em um texto e sentenciar que não o compreendeu. É preciso ler com atenção, com foco e até o fim.
- Nesta disciplina, ensinamos o aluno a planejar o seu tempo. Ele deve preencher uma tabela com tudo o que precisa fazer durante a semana e depois anotar o que foi realmente executado. A partir disso, se pensa sobre como a rotina pode ser ajustada para colocar um curso à distância dentro dela - explica Mára Lúcia.
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Para Rodrigo Silveira Pinto, formado em Farmácia presencialmente e com duas especializações à distância, para dar certo o curso deve fazer uma cobrança sistemática aos alunos. Dessa forma, é mais tranquilo se organizar.
- Os cursos que pedem atividades sistemáticas são melhores, porque o estudante fica mais próximo do processo. O bom é quando o conteúdo é liberado aos poucos e as atividades são cobradas semanalmente - opina Pinto.
Nascido em Ouro Branco (MG) e atualmente morando em Porto Alegre, a distância dos grandes centros foi o que levou Rodrigo a fazer três cursos EAD, duas especializações e um aprimoramento. De sua experiência com aulas à distância, o estudante, agora mestrando da UFRGS, conta que a dinâmica de um dos cursos que fez não funcionou: o professor repassou todo o material de uma vez só e requisitou um trabalho que deveria ser entregue no final do ano.
- Eu não me organizei. Esse esquema não dá certo para nós, brasileiros, porque acabamos deixando tudo para a última hora - conta ele.
Quem pode auxiliar na organização do aluno é o tutor, aquele que faz o meio de campo entre o estudante e o professor e pode até ajudar na motivação. Ricardo Nascimento já desempenhou esse papel em dois cursos vinculados à Universidade Aberta do Brasil - sistema integrado por universidades públicas e coordenado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Preparando-se para atuar como tutor novamente no segundo semestre deste ano, Nascimento conta que uma de suas funções é ensinar o estudante a ser um aluno à distância.
Ele está sempre atento ao desempenho de cada membro da turma, verificando se todos cumpriram as tarefas. Quando percebe que alguém está com alguma dificuldade, conversa com o professor e vê o que pode ser feito. É um trabalho em equipe.
- É importante que o estudante que quer fazer um curso à distância saiba que não se trata de uma opção mais fácil. Um curso EAD também tem prazos que devem ser cumpridos - salienta Nascimento.
A doutora em Educação Débora Conforto já atuou como tutora e professora em cursos EAD e atualmente é conteudista do curso de Formação de Professores em Tecnologia da Informação e Comunicação Acessíveis, ligado ao Ministério da Educação e operacionalizado pela UFRGS. Para ela, o tempo de estudo do aluno não pode ser engessado pelo professor, mas deve ser organizado pelo estudante.
- O curso não deve ser tarefeiro. A qualidade deve ser prioridade, não a quantidade. Isso também facilita a organização e a dedicação do estudante. O tempo dedicado ao EAD não pode se assemelhar, ficar engessado como o de um curso presencial - opina Débora.
Como forma de organização, ela sugere também uma tabela, onde todas as atividades do aluno recebem prioridades. Assim, ele consegue ajustar a sua rotina para que possa se dedicar ao curso:
- O aluno deve saber que existem atividades profissionais - sim, porque a grande maioria dos alunos de EAD trabalha -, atividades pessoais e atividades de estudo. É preciso colocar prioridades nessas atividades e abrir espaço para um curso EAD.
Você deve...
... organizar a agenda
... ler, ler tudo, ler até o fim
... fazer uma leitura concentrada
... reservar um tempo para estudar
... acessar regularmente o ambiente virtual de estudo
... participar de atividades como fóruns de forma regular
... criar atividades que proporcionem vínculo entre os alunos, como trabalhos em grupo
Dicas de Rodrigo, o aluno
> Ter vontade de estudar à distância
> Fazer uma agenda semanal de estudos
> Montar um cronograma de entrega de atividades
> Interagir com os tutores e os professores do curso
Dicas de Débora, a professora
> Montar uma tabela contendo todas as suas atividades (profissionais, pessoais e de estudo)
> Abrir espaço na sua rotina para as tarefas do curso EAD e abrir mão das atividades de outras áreas que tiverem menos prioridade
Débora Conforto aconselha montar uma tabela com todas as atividades diárias
Foto: Adriana Franciosi
![](http://zerohora.clicrbs.com.br/rbs/image/15122688.jpg?w=700)
Dicas de Ricardo, o tutor
> Saber que um curso à distância não é mais fácil do que um curso presencial
> Organizar seu tempo, estabelecendo espaços para estudar e realizar as tarefas do curso
> Não deixar para fazer as tarefas na última hora
> Ler o texto na sua integralidade e com atenção antes de achar que não compreendeu o conteúdo
> Não ter medo de se expor, questionar e opinar nos espaços de interação
> Participar dos fóruns sistematicamente, não deixando para se inteirar sobre o que está acontecendo no final da semana
Ricardo Nascimento diz que é importante participar dos fóruns sistematicamente
Foto: Mauro Vieira
![](http://zerohora.clicrbs.com.br/rbs/image/15122682.jpg?w=700)
O bom uso do chat
A secretária de Educação à Distância da UFRGS, Mara Lúcia Fernandes Carneiro, acredita que o chat pode ser uma boa ferramenta de EAD. As dicas são:
> Combinar previamente uma pauta, com um texto de referência definido e questões para discussão pré-estabelecidas
> Reservar os primeiros 10 minutos para a entrada dos participantes, para as saudações e os comentários
> Os 20 minutos seguintes devem ser destinados para a discussão das questões que foram pré-estabelecidas
> Os 10 minutos finais servem para a conclusão da discussão e o fechamento
> Professor e tutor devem moderar a discussão
> O chat deve ficar gravado
> O professor ainda pode editar e fazer comentários mais longos sobre as questões no arquivo final, que ficará à disposição dos alunos para futura pesquisa
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