Médicos fiscais do Conselho Regional de Medicina (Cremers) estão vistoriando o Hospital Centenário, de São Leopoldo, no Vale do Sinos, nesta quinta-feira. A fiscalização está sendo realizada a pedido do Ministério Público, que quer saber se as cláusulas do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), assinado pela direção do hospital no início de maio, estão sendo cumpridas.
Funcionários do Centenário, que não quiseram se identificar por medo de represálias, afirmam que a direção da instituição pegou emprestado de outros hospitais de forma emergencial equipamentos que já deveriam ter sido adquiridos. De acordo com o Cremers, duas denúncias no mesmo sentido foram feitas ao orgão.
- Vamos analisar cada um dos equipamentos e pedir a nota de compra, ou o contrato de locação, para saber se esse material realmente vai ficar no Centenário. Queremos saber se os equipamentos foram comprados ou alugados, ou se estão tentando enganar a população e a promotoria - afirma o vice-presidente do Cremers, Fernando Weber Matos.
Investigação
A morte de uma paciente do Centenário ocorrida na última sexta-feira está sendo investigada pela polícia. Eloísa Batista Bueno, 58 anos, morreu vítima de uma infecção generalizada enquanto esperava por um leito de UTI. A família registrou uma ocorrência na última segunda-feira.
Responsável pelas investigações, o delegado titular da 1ª Delegacia de Polícia de São Leopoldo, Marco Antônio de Souza pediu a exumação do corpo de Eloísa.
- Não houve uma perícia oficial, apenas a certidão de óbito com a causa da morte. Tendo em vista o que aconteceu, e a demora em conseguir leito adequado, uma ocorrência deveria ter sido registrada no dia da morte, e o corpo enviado à necropsia - explica o delegado.
De acordo com o Souza, o prontuário médico da paciente indica que houve demora na disponibilização de um leito de UTI para Eloísa.
- O prontuário mostra que os médicos fizeram sucessivas manifestações no sentido de que ela precisava com urgência de um leito de UTI. Vamos agora apurar as responsabilidades nesse caso - afirma.
O que diz a direção do Centenário
Procurada na tarde desta quinta-feira para falar sobre os equipamentos, que teriam sido colocados apenas durante a visita do Cremers, a direção do Hospital Centenário afirmou em nota que os aparelhos citados na vistoria do Cremers foram contratados junto à empresa Biomédica Gaúcha com o objetivo de cumprir as medidas assinadas em maio desse ano no TAC. O contrato de locação tem duração e 180 dias, contados a partir do mês de agosto, prazo em que irá ocorrer processo licitatório paralelo para a aquisição dos equipamentos.
Sobre a morte de Eloísa, a direção afirmou em nota na última sexta-feira que a paciente deu entrada no dia 6 de agosto com infecção. Com quadro de múltiplas cirurgias abdominais prévias, ela foi submetida a um procedimento cirúrgico chamado laparotomia no mesmo dia.
No dia 8, a paciente passou por outro procedimento cirúrgico, sem apresentar melhora no quadro clínico. Por volta das 15h do dia 8 a equipe médica solicitou internação em leito de UTI e cadastrou a paciente na Central de Leitos. No dia 10, às 10h50, foi registrado o óbito por sepse abdominal, conhecida como infecção generalizada.
Vale do Sinos
Cremers realiza vistoria no Hospital Centenário a pedido da promotoria
Polícia também investiga a morte de uma paciente no local enquanto aguardava por leito de UTI
GZH faz parte do The Trust Project