O Brasil terá uma atriz como representante nos Jogos Paralímpicos de Paris. No entanto, não é bem isso que você está pensando. A menos de um ano no paradesporto, Giovanna Boscolo é uma das esperanças de medalhas do país na França a partir do dia 28 de agosto.
Para quem não lembra, ela era Michelle em Chiquititas, do SBT. Fazia parte de um trio de patricinhas conhecido como "top 3" que tirava muita gente do sério no sofá de casa.
De lá para cá, sua vida mudou muito. Ela começou no esporte muito cedo. Aos 11 anos, competia na ginástica aeróbica, pelo qual foi campeã brasileira em 2014. No entanto, no ano seguinte, passou a ter muitas lesões, incompatíveis com as atividades que realizava rotineiramente.
Depois de realizar exames, foi diagnosticada com Ataxia de Friedreich, doença neurodegenerativa rara que afeta, principalmente, o equilíbrio e a coordenação.
— É uma doença genética que impacta na perda da coordenação fina e do equilíbrio, que pode ocasionar em tremores. Progride lentamente ao longo do tempo e pode comprometer outros sistemas do corpo. É bastante rara. Ainda não tem cura, então o tratamento é principalmente de reabilitação e suporte — explica Leonardo Medeiros, médico geneticista do hospital de Clínicas de Porto Alegre.
O esporte teve uma lacuna na vida da Giovanna e ela começou a cursar Biomedicina. Em 2021, conheceu o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) e o Centro de Treinamento da entidade, iniciando um estágio na área da Ciência do Esporte, período em que decidiu voltar para o esporte.
Em outubro de 2023, começou a se aventurar no atletismo. Em menos de um ano, cresceu de forma exponencial. Foi bronze no lançamento de club no Mundial de Kobe 2024, quarta e conquistou o recorde das Américas no Grand Prix de Dubai e prata no lançamento de club e no arremesso de peso no Open Internacional de atletismo 2024.
O club é um instrumento semelhante aos bastões utilizados na ginástica rítmica e, no arremesso, o paratleta deve ficar sentado uma cadeira com altura máxima de 75 centímetros.