Tricampeão paralímpico no futebol de cinco, Ricardo Alves, o Ricardinho, foi o convidado desta sexta-feira (30), da live "Medalha Olímpica", em GZH. Natural de Osório, no Litoral Norte, ele bateu um papo descontraído com Luciano Périco e Diori Vasconcelos, onde falou sobre a expectativa para os Jogos Paralímpicos de Tóquio, que começam em 24 de agosto.
— Naturalmente, a nossa equipe é dada como favorita. O futebol de cinco entrou nas Olimpíadas em 2004. O Brasil ganhou as quatro medalhas de ouro desde lá. Nós conversamos muito no dia a dia. Sabemos que todas equipes estão evoluindo o aspecto tático. O Brasil é estudado o tempo todo. Isso é natural. Sabemos que vai ser um campeonato difícil, mas estamos bem treinados. Fizemos o nosso melhor até aqui. Não vai ser fácil, mas temos bastante confiança — destacou.
Aos 32 anos, Ricardinho atua desde os 16 anos pela seleção brasileira. Eleito três vezes o melhor jogador do mundo, nos anos de 2006, 2014, e 2018, o atleta sabe das dificuldades que serão encontradas no Japão, mas mostrou confiança na preparação realizada para a competição.
— Estávamos há uns 14 dias em treinamento. Sigo treinando em Porto Alegre. Na terça-feira (3), embarco para São Paulo. Teremos mais uma bateria de exames e treinamentos por lá e no dia 8 de agosto embarcamos para o Japão. Vamos fazer uma aclimatação ao fuso horário. Teremos duas semanas de treinamento, o que vai ser bem importante. Vamos dar o nosso melhor. É um sonho trazer mais uma medalha para casa. Vamos sem estresse. O importante é entrar focado e com humildade. É um campeonato ímpar, não é fácil. Enquanto tiver chance, nós vamos lutar — ressaltou.
Confira outros destaques da entrevista
Sobre o futebol de cinco
Para quem não conhece muito bem, nós usamos uma bola com um guizo interno. O goleiro enxerga normal e os quatro jogadores da linha têm de ser cegos totalmente. Quem tem interesse, é bom procurar um clube. Eu faço parte da Agafuc, que está sempre aberta, até para quem quiser fazer um teste. É um esporte que está aberto. Não é fácil formar um atleta paralímpico, então estamos sempre recebendo todo mundo muito bem.
Perda da visão
Eu nasci enxergando normal até o seis anos de idade. Quando entrei na escola, comecei a apresentar sintomas de descolamento da retina. Fiz cinco cirurgias e com oito anos perdi a visão totalmente. Foram dois baques. O primeiro foi a perda da visão. A outra coisa que me deixou triste é que eu imaginei que não poderia mais jogar futebol. O futebol para cegos era algo pouco difundido.
Importância do esporte
Foi com dez anos que descobri que existia a modalidade no Brasil. Aí eu comecei a sonhar pela segunda vez. Batalhei muito. Deus me deu muitas oportunidades e foi acontecendo. Com 16 anos, já estava na seleção brasileira principal. Estou com 32 anos agora. É a metade da minha vida. É um privilégio.
Relação com o futebol
Eu gosto mais da narração do rádio, pois ela acaba sendo mais detalhada. Sendo um atleta há muitos anos, entendendo sobre tática de jogo, é tudo muito parecido. Então, ouvindo a narração é possível fazer uma leitura melhor. Quando vou escutar um jogo do Inter, fica tudo muito claro para mim. Estou preocupado com o meu Colorado. Até vou perguntar se não tem um espaço para mim lá. Vai melhorar. Não há mal que sempre dure.
Rivalidade com os argentinos
Na primeira vez que joguei contra a Argentina eu tinha 17 anos. Era um clima muito pesado. Hoje existem vários jogadores argentinos atuando no Brasil. Aquela rivalidade, até um pouco exagerada, meio que deu uma quebrada. Eles dão a vida. Eu admiro isso. Nós também somos assim. O futebol gaúcho tem muito disso. É difícil (jogar contra eles). Clássico muda tudo.